Há quem diga que a velhice ou Terceira Idade, é a Idade de Ouro da vida humana. Que as responsabilidades diminuem, o tempo passa a sobrar, e a criança interior pode vir livremente tomar conta deste período até que o indivíduo complete seu ciclo encarnatório na Terra.

Na Astrologia, a Morte é tratada com seriedade. Na realidade, ela é a cúspide de cada etapa da evolução do ser, quando metaforicamente “morre” a fase anterior e renasce o ser mais amadurecido, envelhecido e capaz de lidar consigo mesmo, com os outros e com a existência de um modo em geral.

A Casa 8 da Mandala de nascimento é chamada de Casa da Morte e Regeneração; a casa das muitas mortes e dos muitos renascimentos. E seu regente tradicional foi Marte, mas cedeu sua regência para Plutão.

Morte, tema que sempre fascinou todos os segmentos do pensamento humano. Mal entendemos o que é vida e já especulamos sobre a Morte. Os antigos tinham uma visão mais simples, condensada do tema, uma realidade inevitável que culmina para todas as formas no enceramento de seu ciclo de participação na vida física, seja qual for a forma.

E o mais engraçado em tudo isso é que a maioria de nós (falo de mim e de outros que se julgam sabichões) não se prepara para essa Terceira Idade, e nem sabemos bem quando começa. Antigamente, ter 50 anos já era ser “velho” e, portanto, forte candidato à cova. Pois é, eu até cresci sob o manto dessa ideia mórbida de que a partir dos 50 se entrava em um processo de declínio e queda como acontece com todos os impérios sejam individuais ou coletivos, ou das pedras...

As quatro estações do ano giram em torno da ideia de ciclo finito de existência. A Primavera é o nascimento do ser, que segue crescendo por todo o Verão; no Outono caem as folhas, ou se quiser, as ilusões e finalmente sobrevém o Inverno, quando “morre” o que é velho e foi superado, dando lugar ao novo e mais jovem que renova todo o ciclo.

Minha recente desventura de mudar de São Paulo para novas praias me mostrou o quanto eu estava despreparado para uma realidade que literalmente, puxou o tapete debaixo dos meus pés, e me fez finalmente entender que eu envelheci, que estava ficando superado e pior, despreparado para tudo que vinha junto com o processo de envelhecimento.

Eu que antes pensara que não passaria dos 50, finalmente me chocava com o fato de que estou quase com 80. Sim, porque se conseguir chegar a 14 de abril próximo, estarei completando 78 anos de idade. Para um grande segmento de seres humanos, a Idade do Condor, com dor aqui, com dor ali, e para os iniciados em informática, uma fase Com-Puta-Dor.

Saí de São Paulo porque achei que estava ruim. Fiquei fora quatro meses e voltei com o rabo entre as pernas e muito pior do que fui. E a maior dor foi passar a conviver com o fato de que agora estou competindo com o ceifador.   

Futuro incerto e de duração imprevisível. Compartilhar o que aprendi? Pois acho que desaprendi muito mais tendo descoberto minha capacidade de fazer escolhas erradas; acreditar em promessas e bajulações; e me expor ao ridículo quando todos esperam que a esta altura eu tenha adquirido alguma sabedoria.  

E para mim, que sustento que a vida nesta dimensão da existência é uma contínua evolução na busca da nossa casa. Viemos da forma sutil e estamos tentando voltar para ela. Então a morte como a entendemos não existe. Mas que o processo é dolorido, isso é verdade. E pode ser até pior.... Pelo menos estou lúcido, ainda capaz de “fazer, criar, formular e formatar”, enquanto muitos acabam na impotência física e mental, muitos reduzidos a uma dependência total e absoluta de alguém.

Mas pior que isso é constatar que a velhice precoce de antigamente era respeitada, cuidada e até venerada antes de ser pranteada; hoje, uma velhice muito mais longa é desprezada e até considerada um incomodo porque dá trabalho. Filhos não mais sentem qualquer obrigação para com seus pais envelhecidos que passaram a ser fardos. E aqueles que não tenham nenhum legado material, passaram a ser um estorvo.

Quando encaramos esta realidade, a dor se generaliza. Não nos consola saber que os demais também passarão por esta vivência. Ainda existe solidariedade na velhice. Nem nos consola ver as praças com mesas de velhinhos jogando truco, sueca, dominó, damas e até xadrez; enquanto esperam o ceifador fazer suas escolhas e colheita. Alguns aposentados, já até pagam as prestações do caixão ou do lote no cemitério. Afinal, dessa não se escapa.

O mundo discute a superpopulação, mas se esquece que hoje a proporção dos “mais velhos” já é maior que dos mais novos.  E não há como mudar isso em dez anos. Mas como a maioria não está preparada, quando se der conta de que somos uma espécie de velhos... o que será que vai acontecer? O que farão os mais novos?

E porque insistimos em chamar essa “Terceira Idade” de Idade do Ouro?

Hoje começa um novo ciclo. O que nos espera? Saberemos quando chegarmos lá?

Boris Artemenko
São Paulo, 20 de março de 2016


Nota da redação:
Nós do Jornal O Legado, temos muita satisfação em contar mensalmente com os artigos do Sr. Boris Artemenko. É um homem de valores, excelente astrólogo, e dedicado ao seu dia-a-dia, com muita vontade de continuar a vencer, a tal ponto que não percebeu que o tempo passou e o desafia diariamente como um garoto de 21 anos quando se sente completamente independente e seguro de si. É um homem determinado e ainda cheio de sonhos. Inteligência impar o faz motivado a viver feliz e dividir sua sabedoria com os jovens e juventude que ele ama tanto.


02-04-2016 - Alberto Sugamele – Editor do Jornal O Legado

 

Infelizmente no dia 04 de julho de 2016, nosso amigo Boris Artemenko, após vários dias enfermo no hospital, veio a falecer, tornando-se mais uma Estrela em nossa constelação.



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