Minha mãe morreu em fevereiro de 2012, na abertura do ano letivo em nosso instituto. Recebi o aviso como um repente, quando iniciava a aula. Tiro gelado no peito, silêncio aterrador. Falecer é respeitoso, um quê de cuidado a uma memória que não quer se apagar. Morrer é mais duro, fato em si, um desaparecimento frio e sem garantias. Agora, depois de anos, sinto que consigo dizer que ela morreu mesmo, sem achar que desrespeito alguma coisa do Ser que se foi e dos afetos que ainda me despertam uma imensa saudade.

Mas processar é realmente difícil. No início, a cada “meus pêsames” me defendia sorrindo e desviava a conversa dizendo que já tinha encontrado com a figura em projeção astral e que ela estava bem, já tinha visto algumas vezes aliás, pois minha clarividência estava em dia. No fim das contas, era isso que importava, pois um espiritualista como eu tem o domínio das emoções catárticas, compreende que nada está separado e que a vida espiritual continua, obviamente. Balela, mentira mal acreditada, dor como negação.
Demorei tempos (no plural mesmo) para voltar a estar, até inventei cursos para lidar com um luto que teimava em ficar. Fez parte.

No fim do ano passado, no Jornal O Legado, no qual escrevo, uma frase da resenha me chamou a atenção: “O pêndulo parou”. A notícia do falecimento do António Rodrigues tomou-me estranhamente. Jantei na casa de meu pai informando a situação, como notícia de telejornal.

- O editor do seu primeiro livro? Poxa...
- Que chato né? Fazia tempo que não falava com ele.
Só isso. Ponto final, toca-se a vida, novos-velhos assuntos vêm à mesa. Acho que cheguei a esquecer o tópico rapidamente, pareceu virar uma curiosidade fúnebre comentada entre colegas de trabalho.

Ontem, 22 de setembro de 2019, terminamos mais uma formação presencial em tópico específico de metafísica chinesa e Feng Shui tradicional. Turma bacana, corpo de grupo em uníssono, pesquisadores que estão alguns anos na caminhada engajados em temas complexos. Em misto a imagens de certificados em clicks de celulares e abraços de até a próxima, algo me havia modificado.
Lembranças de situações de um outro eu (muito menos seguro e mais adolescente – e que às vezes tento ocultar) forçavam a porta, provavelmente despertados por fotografias do ano 2000 mostrados por Teresa no coffee break, uma participante das mais antigas.
Fez-me recordar genericamente do contexto: era uma das aulas de radiestesia ministradas por mim num curso extensivo organizado pelo Rodrigues, em estabelecimento do próprio.

- Que curioso, não? Faz tempo isso, né? Olha, o fulano! E essa quem era mesmo? E a cicrana, onde está?

Apareci numa das imagens. Mas isso fez surgir algo bizarro, direto: - Acho que não tenho nenhuma foto junto ao António, nem nos meus arquivos. Estranho pensar assim, pois nem senti muito quando ele se foi.

Dificuldade em dormir. Tudo bem, geralmente fico pilhado ao térmico de um evento no domingo. Costumo pegar no sono com ajuda de generalidades de YouTube ou em games de Playstation ou Xbox. Dessa vez não. Por questões particulares, comecei a refletir sobre a morte. Pensei na minha mãe, no meu pai já idoso. Sei lá, talvez por associação, começaram a vir cenas, conversas profundas dos encontros e desencontros familiares, certo? Pior que não. Os flashs eram de situações em rima poética, mas radiestésica, eram memórias casuais de um tal António. Que coisa.

É necessário fazer algo, não paro de pensar, já são 4h30min. Acho que vou escrever pro Alberto, mas não consigo abordar algo sobre Feng Shui, parece-me temática demasiada pequena dessa vez. De maneira inconstante, necessito falar da pessoa. Acho que estou pronto, depois de quase um ano do ocorrido. De antemão, peço encarecidamente aos leitores, amigos próximos e aos familiares, desculpas antecipadas, se algumas das palavras soarem desrespeitosas. Mesmo sem intento de gerar polêmicas, tentarei decodificar em palavras rústicas e diretas os instantes que me capturam à alma, nesse momento. Se não for agora, talvez não seja mais.

Recorto gestos que agora entendo que são de respeito. Grande parte, possivelmente, serão reinterpretações guiadas pela nostalgia, recordações inventadas de um bem-querer alegórico ou até mesmo memórias de um futuro deslocado, fragmentos de perguntas em aberto. As datas talvez não sejam precisas, mas as situações ocorreram e os diálogos estão escritos tais quais me lembro. Os adjetivos são por minha conta.

António, o Misterioso


Noventa e oito ou noventa e nove o ano. Primeira ou segunda conferência de Radiestesia, Geobiologia e Feng Shui, organizada pela ABRAD. Finalizando a faculdade de arquitetura, já me considerava um místico (de araque, na revisão atual). Decidido, resolvi colher material para o trabalho de graduação (mentira, não tinha mínima noção de quem eu era e do que queria). Só sabia que usava pêndulo, lia generalidades de Vento e Água e gostava do som da palavra “consultor ambiental”, era muito solene.

Para a minha escala existencial do momento, era uma multidão! Numa sala, um sr. oriental explanava que o Ba Zi (4 Pilares) era uma das coisas mais difíceis do mundo e que nem adiantava falar muito porque o público não iria entendê-lo. Que medo! Na outra, um palestrante jovem abordava sobre o autoconhecimento no Feng Shui. Instigante, mas por uma limitação pessoal, não captei o contexto. De que técnica ele falava mesmo?

Parei numa banca de produtos radiestésicos, no corredor. Testei um dual rod, segurando-o com a ponta dos dedos. Em 3 segundos, uma grandalhona me corrige:

- Tem que segurar firme, com a mão inteira, por causa dos chacras!

E foi se embora. Tentei, mas achei bem desconfortável. E qual relação direta existe na maneira em que se segura a haste do aparelho com o alinhamento das tais rodas sânscritas? Até hoje indago.

Ao lado, uma outra mesa, a de livros de Radiestesia e gráficos. Parei por dois motivos: gostei da capa das obras e da pessoa peculiar que estava vendendo. Parecia ser o próprio autor, pois respondia às perguntas calmamente, mas com critério.

- Você que escreveu ambos os livros?
- Sim, esse verde é o teórico e o maior, vermelho, o de práticas, com os gráficos.
- Legal. Quanto fica se levar os dois?
- R$...
Achei o preço meio salgado, mas acabei levando. Que bom que ele parcelou.
- Você ministra cursos sobre o assunto?
- Sim.
- Quando vai ter o próximo?
- Deixe os seus contatos que aviso você.
- Ok.
- E onde adquiro equipamentos de radiestesia bons mesmo? Acho que não gostei muito da qualidade da banca ao lado.
- Vá no Instituto Mahat, fica na V. Maria (São Paulo - SP). Geralmente estou por lá. Ou procure pelo Cafarelli.
- Tá bom.

Refletindo hoje, acho que comprei os livros também porque curtia esoterismo e fiquei curioso com o estilo emblemático da pessoa, todo vestido de preto e com sotaque meio carregado. Vai ver é maçom 34º grau ou da Rosa Cruz. Talvez até da Teosofia, aquele de Blavatsky, Leadbeater e Annie Besant. Que cara misterioso!

Depois de algumas semanas, lá fui participar do curso com aquele senhor luso-brasileiro, ainda meio atordoado com material e estilo de escrita que encontrei no texto.

António, o Generoso

Em algum momento de 1999
    
- Marcos Murakami?
- Sou eu.
- É o António Rodrigues, você pode conversar um instante sobre uma proposta?
- É....Acho que posso.
- Você quer dar aulas de Radiestesia comigo? Há uma turma confirmada a iniciar em breve.
Quê?!? Tudo bem que gosto do tema, fiz umas perguntas atrevidas durante o curso (chatas, na verdade, só para mostrar a ele que tinha lido tudinho o Radiestesia Clássica e Cabalística), mas me chamar pra dar aula com ele? Assim de supetão? Será que ele vê aura também? Será que ele enxergou algum potencial adormecido em mim?
- Então, António, “até” que tenho interesse, mas preciso averiguar minha agenda. Estou correndo um pouco com alguns projetos.
- Está certo. Quando puder confirme, mas não demore muito.
- Pode deixar. Até logo, boa tarde.
- Mãe...mãe! O António, aquele de quem falei aquele dia, me chamou pra dar aula!
- Ah, não! Sério? Se acha que é isso que quer mesmo, aproveite a oportunidade, mas “Gambattê”, né!
- ...

Dois mil e quatro

- António, queria escrever um livro sobre Feng Shui Tradicional. Você tem editora né? Você poderia publicá-lo? Como funciona?
- Nesse instante não consigo pagar pela publicação, mas posso editar o seu livro, por que não?
- Tá legal, eu vejo como faço aqui. Mas e os valores pelo seu serviço? Você se interessaria em ficar com um montante dos livros ganhar na venda, em troca dos seus serviços?
- Sim, me interesso. Podemos fazer assim.
- E quando podemos começar?
- Estou a trabalhar numa obra no momento, mas em breve farei um contrato e logo iniciaremos.
- Beleza.
- Passe-me o texto e as imagens em TIFF - nada de jpeg, que fica ruim. Iniciaremos com a revisão, e após essa etapa, podemos desenvolver os estudos de diagramação.
- Tá.
    
Acho que em agosto de 2006

- A melhor cotação para a impressão foi na Vida e Consciência, do Gasparetto. Vamos fazer por lá mesmo?
- Acho que está legal, não? É bom lá?
- É bem razoável.
- Mas dá pra parcelar será?
- Posso fazer o pedido aqui pela Fábrica das Letras, você ganharia mais alguns dias para quitar a primeira parcela.
- Poxa, valeu. Mas não vai te atrapalhar não?
- Se você realmente pagar as parcelas, não terei problemas, oras.

Começava a achar que aquele senhor rabugento era também muito engraçado. E generoso...

António, o Irônico

Três situações, a primeira em 2004, no apartamento dele. Recordo-me de ter ido a essa reunião de paletó e pasta semi-executiva.

Ele tem que entender que também posso mostrar seriedade e um pouco de maturidade. Logo logo, também serei autor.

- Posso usar o toalete?
- Corredor à esquerda.
O pensamento correu solto. Ele deve ser muito organizado, hein. Proporções equidistantes entre a escova de dente, a pasta, o barbeador e a tesoura. Vou usar o sabonete e tentar deixar no lugar certinho, sem escorregar.
- António, uma dúvida: como funciona a pesquisa em obras de Radiestesia? Existem livros bons aqui traduzidos ou só importados?
- Confie somente nos materiais originais. As versões em português daqui são, em geral, lastimáveis! Veja esse exemplo: o tradutor não consegue notar, no francês, a diferença entre sur la table e su la table. Uma abominação!
- Caramba!

Naquele momento, me senti envergonhado de ter que enviar meus escritos em breve. Imagina se ele nota que talvez eu tenha mandado um “sob” em vez de “sobre”. Seria constrangedor.
    
Dois mil e cinco, agora na escola

- Que droga, estou atrasado de novo! Também, o trânsito da região muito ruim, essa sede poderia estar mais bem localizada. Mas são apenas 40min além do combinado. Não é tanto...
- Pois não? Quem é?
- Aqui é o Marcos Murakami, estou esperando o António Rodrigues. Marcamos uma reunião.
- Só entrar. Abriu?
- Abriu.

Da janela, escutei um homem esbravejar aos ventos, algo do tipo:

- Sou eu que estou a esperar, oras, não você. E estás atrasado!

De canto de olho, vi uma mulher razoavelmente jovem sorrir ironicamente. De um suor morno se transformando instantaneamente em gelado, respirei fundo e adentrei ao recinto, em que há alguns anos uma pessoa tinha me feito um convite para dar aulas.

- Marcos, esta é a Andrea Módena, ela fará a revisão e ajudará na confecção do seu livro.
- Opa, tudo bem?
- Prazer.
    
Primeiro trimestre de 2006

- É assim que se faz um fechamento de uma boa edição de livro. Sem páginas brancas a sobrar no fim.
- Entendi. Que bom. E o título? O Grande Livro do Feng Shui Clássico. Gostou?
- Eloquente.
- Agora a capa. Será que coloco Arquiteto-Consultor Marcos Murakami (em vez de somente o nome do desconhecido)?
Aliás, lembrava do termo “consultor” desde aquela conferência.
- Não, muito cafona. Só o seu nome.
- Sério? Nem consultor?
- Nem consultor, nem arquiteto ou comendador. É brega.

Lembrei-me da professora da FAU-Mack, A.M. Sumner, que nos levava à exaustão nos anos 90, quanto às considerações de um partido arquitetônico coerente: - Não tente se mostrar mais do que a sua obra. Esta deve falar por si mesma.

- Tá certo. E a foto? Gostou da que enviei? Fiz uma edição com uma labareda fundindo à minha imagem (estava meio empolgado com o conceito do Deus Útil Fogo no Mapa de 4 Pilares).
- Aquela com fogo no rabo?
- Quê?
- Se achou boa, então deixe essa mesma.
- Tá. Acho que vai ficar legal o livro né?
- Vai mudar tudo.
- Como assim?
- Antes, a pessoa pode ser um João Ninguém, depois que lançou um livro, vira O Professor. É irônico.
- É mesmo? Não é tanto assim também, né?
- Verás.

Até hoje não sei se isso foi um comentário genérico da parte dele ou uma crítica-irônica direcionada ao entusiasmado neófito. Mas começava a gostar desses comentários, às vezes de triplo-sentido.

António, o Nômade

- Marcos, fui atropelado ao entregar o material do livro na impressão.

Ocorreram tantos problemas e atrasos que, cansado, ansioso e com uma rudeza abissal de minha parte (que até hoje me surpreende ao rememorar tal conversa, realizada pelo celular), apenas vomitei uma pergunta:

- Mas, mas você conseguiu deixar os arquivos antes (do seu atropelamento, né?).
A sentença entre parênteses eu só pensei, me dei conta do absurdo que saiu de minha boca exatamente no “antes”.
- Ah....E você está bem?
- Sim, o material está seguro, consegui entregar. Estou indo para o pronto-socorro.
- Ok. Não consegui falar mais nada.

Algo entre 2008 e 2009

- Marcos, pode falar?
- Fala, António. Tudo bem? Sim, posso. Me liga no Skype aqui.
- Estou fechando a escola e a editora. Vou me mudar para Serra Negra. Você poderia vir buscar a minha parte dos livros?
- Nossa, ok. Mas o que aconteceu?
- Estou de saco cheio, já deu. Preciso de novos ares.
- Poxa. Mas será só umas férias, né? Uma temporada.
- Não sei. Talvez.
- Ok, vou buscar. Mas como faremos a questão dos seus acertos agora?
- Como sou eu que estou saindo do contrato, você não me deve nada.
- Poxa. Mas não quer pensar melhor? Chegamos num meio termo?
- Não precisa.

Numa semana, o caminhão baú chegou na “nova ex-escola”, na rua Augusta.

- Tudo bem, António?
- Nossa, como você engordou, não? Comendo muito?
- É....é., sei lá. Posso pegar os livros aqui?
- Pode. São estes. Já conversei com o Edmilson da Alfabeto, que aguarda o seu contato. Ele distribuirá os seus livros a partir de agora.
- Poxa. Obrigado pela indicação. Então acho que é isso, né? Boa viagem, vamos falando.
- Ok.
Continuamos a conversar de tempos em tempos pelo Skype. Em 2013, perguntou se tinha interesse em escrever livros virtuais (respondi que iria pensar). Em 2014, meses antes de iniciar a correria do meu segundo livro:
- Marcos, António Rodrigues. Pode falar?

Sinceramente, lembro-me de ter ficado com um pouco de preguiça em atendê-lo. Na época considerei assim, mas sempre soube dos motivos desse sentimento: ele sempre me fazia questionar (nunca diretamente) sobre a minha zona de conforto. É só isso? Um livro e pronto? Até imaginava ele pensando isso e soltando ironias. Provavelmente iria fazer mais uma proposta, perguntar como estão as minhas pesquisas e atuações.

- Você tem interesse em fazer parte de um projeto, ainda inicial, em que pegaríamos um estudo de caso completo, eu com a parte de geobiologia e radiestesia e você com os seus estudos de Feng Shui? Se der certo, faríamos até um livro sobre o assunto.
Eu estava um semi-trapo, resquícios ainda não trabalhados do luto de minha mãe. Não estava muito empolgado com consultorias, estava mais focado em aulas, talvez me esconder em meio aos alunos conhecidos.

- Ah, pode ser, António. Até que tenho interesse. Mas para quando é isso?
- Ainda a averiguar. Mas te procuro quando tiver algo concreto.
- Ok, me deixe a par.
- Até mais.
- Abraços.
E foi isso. Nossa última conversa, uma troca de frases rápida, direta, como ele parecia gostar.

António, o Inspirador

Como disse no início, tive dificuldades em dormir. Cenas surgiam e sumiam, diálogos apareciam prontos, como tirados daqueles momentos. Lembrei do sorriso no rosto quando, nos primeiros artigos enviados em 2016 para o Jornal O Legado, vi a foto dele e corri para ler o que tinha escrito, antes até de averiguar como tinha ficado o meu. Texto curto, direto, ácido, crítica dura aos caminhos da radiônica, radiestesia e geobiologia na pós-modernidade. Que alívio, pensei! Depois não mais notei seu nome na lista dos colunistas.
Vai ver foi só um convidado de algumas edições. (Nota do editor: Nessa ocasião a coluna do Professor António Rodrigues foi suspensa devido seu estado de saúde).

Vinte e três de setembro de 2019, olhei bem para a coisa que me fez tirar o sono ontem: como a escrita e a maneira provocativa do lusitano me inspirou na forma em que escrevo atualmente! Achava que a inconformação e crítica era nascida de um aforismo só meu! Nada disso, presunção absoluta. Agora vejo que dos professores que tive, ele foi o mais silencioso, e nesse silêncio irônico até mesmo as memórias ficaram hibernando por um ano até explodir à vista de uma foto sutil, singela. Como pode?

Agora compreendo o quanto o seu falecimento me impactou. Ao ponto de negá-lo. Mas nesse momento, depois de me lembrar de fatos prosaicos e habilmente profundos em que você fez parte, tal qual avalanche, posso afirmar: sinto saudades tuas, António...

“Novembro de 2019”

- Marcos? António Rodrigues. Pode falar?
- Posso sim.
- Aquele projeto saiu. Vamos começar?
- Que demora, estava aguardando a sua ligação. Vamos lá! Marcamos amanhã?
- Sim, e sem atrasos nem desculpas!
- Agora estou pronto, António! Até mais...
- Até...

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