Terceiro período: A astrologia medieval


Sabemos que a astrologia horoscópica, ou natal, foi invenção de alexandrinos que falavam a língua grega, entre os séculos III e II a.C., na cidade egípcia de Alexandria. Esse período da história da astrologia é conhecido como período grego, e, no ocidente, pôde se desenvolver e difundir, até que o Império Romano chegasse ao seu momento de decadência. Pois que, quando finalmente cai (século VIII d.C.), dá-se o desaparecimento gradual da vida cultural na Europa. O destino da Astrologia, aí, não foi diferente. Com a queda do Império Romano do Ocidente, a Astrologia desaparece. Não obstante, sobrevive no Império Romano do Oriente, e, do século VIII a XI, floresce em terras muçulmanas.

No século VIII, os povos árabes desenvolveram uma considerável ‘fome de saber’, enviando emissários a sedes de diversas culturas - bizantina, persa, hindu; também convidaram emissários estrangeiros dessas culturas para virem ao território islâmico, especialmente a Bagdá. Sua aquisição de novos saberes foi considerável; entre livros adquiridos, estavam, certamente, livros de astrologia e astronomia. Como providência subseqüente, seus governos  providenciaram traduções dos textos recém-chegados para o Árabe. Salientam-se, na astrologia árabe de que temos notícias, os astrólogos Albumasar (século VIII-IX), Achabitius (morto em 967), a quem se atribui a criação de um sistema de casas que levou seu nome, no ocidente, mas que, em verdade, já era utilizado por outros árabes de seu tempo, e Al Biruni (973-1048?), que passou vários anos na Índia, aprendeu Sânscrito e estudou com astrônomos e astrólogos indianos.

Graças à preservação dedicada pelos árabes à Astrologia, o Ocidente pôde reaver o que houvera perdido com a queda do Império Romano. No século XII, especialmente no sul da Espanha (ocupado, ainda, pelos mouros), e no norte da Itália, apareceram os assim chamados tradutores do século XII, indivíduos que sabiam latim e árabe (ou, por vezes, árabe e castelhano, árabe e italiano). Daí que muitas obras de astrologia e astronomia foram traduzidas do árabe para o latim, nessa época. O mais conhecido desses tradutores foi Juan de Sevilla. Dessa forma, tivemos uma espécie de reintrodução da astrologia na Europa, levada a cabo graças aos textos árabes (muitos deles advindos de traduções gregas, persas e hindus) que puderam ser traduzidos para o latim.

Portanto, e em suma, a astrologia desaparece da Europa depois do século V, só reaparecendo no século XII (!). A tão falada astrologia tradicional da Europa Ocidental foi, de fato, a astrologia grega, acrescida de algumas técnicas da astrologia persa e hindu, tal como a transmitiram os árabes.


Algumas considerações técnicas


Seguindo as indicações de Dorotheus (mais que de Ptolomeu), os árabes fizeram um uso considerável dos ‘significadores acidentais’ (=regentes das casas), mais do que se pautarem quase que exclusivamente em ‘significadores gerais’ (decorrentes dos significados ‘naturais’ dos planetas), como ensinava o Tetrabiblos.

Adicionalmente às partes herdadas dos gregos, os árabes criaram muitas outras. Também popularizaram o uso da revolução solar como técnica preditiva em astrologia natal.

A astrologia horária foi aprimorada pelos astrólogos árabes, bem como a astrologia mundial – os árabes criaram o Ingresso em Áries, e erigiram elaborados esquemas para o julgamento das conjunções de Marte, Júpiter e Saturno.

O referido ‘sistema de casas de Alchabitius’ foi, de fato, desenvolvido pelos gregos, não depois do século V, e, gradualmente, se tornou o sistema de casas padrão. Todavia, algumas linhas astrológicas prosseguiram utilizando o sistema de casas de Alexandria (=o sistema casa-signo).

Astrônomos árabes também fizeram alguns ajustes/correções importantes nas tábuas astronômicas de Ptolomeu. Essas correções tornar-se-iam a base para as novas tábuas do século XII.

Podemos citar como importantes nomes da Astrologia Medieval (herdeira da astrologia árabe no ocidente), Guido Bonatti (conhecido como Bonatus) – talvez o mais bem conhecido astrólogo do final da Idade Média, e Campanus de Novara (1233-1296). O primeiro era professor da Universidade de Bologna, e tinha grande familiaridade com os tratados árabes de astrologia que haviam sido traduzidos no século XII. Tão conhecido era que tem seu nome citado por Dante, n’O Inferno, da Divina Comédia. Era um mestre em astrologia horária, precursor de William Lilly. Campanus, por sua vez, era matemático, astrólogo e médico papal. Inventou um sistema de casas de pequena adesão em seu tempo, mas reabilitado no século XX; tinha como característica básica a trissecção da Primeira Vertical.

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