Medicina Ayurvédica II
Introdução
No capítulo um, abordamos de forma breve alguns aspectos do início da formação do planeta, seus primórdios e como poderia ter surgido a vida naquela época remota e distante. Com base em fragmentos de documentos históricos e também em fragmentos arqueológicos, antropológicos, geológicos e outros. Pois em função do imenso lapso de tempo decorrido até o presente, fica quase impossível construir-se uma história linear. Todavia, abordamos também alguns relatos sobre a Medicina Ayurvédica - este sim - que iremos aprofundando a cada capítulo, já que há textos clássicos e históricos em profusão sobre a mesma. Tratamos brevemente sobre alguns desses textos e seus conteúdos. e “ parte” das suas propostas e suas visões. Neste capítulo atual, buscaremos ir um pouco mais distante e mostrarmos outros aspectos importantes da Medicina Ayurvédica, suas aplicações e implicações mais profundas.
Como pode ser definida a Medicina Ayurvédica - breve conceito
Em um conceito geral, a Medicina Ayurvédica é considerada na índia e no Oriente, como uma ciência de vida perfeita que consiste em um amplo corpo de conhecimentos sobre os mecanismos internos e externos da estrutura humana e como manter ou restaurar a longevidade da mesma. Por meio de tratamentos propedêuticos ou terapêuticos eficazes, utilizando-se os mais diferentes recursos e por meio dos mesmos, buscando ou manter-se um processo constante de rejuvenescimento ou então - dependendo do que se trata - erradicando por completo, qualquer tipo de doença conhecida que tenha afetado a natureza humana.
Cabe ressaltar que a Medicina Ayurvédica atua sobre todo e qualquer tipo de situação ligado à saúde, desde prevenção, cura, reabilitação, condicionamento das mais diferentes naturezas, através dos seus mais diferentes especialistas, cuja formação acadêmica e escolástica lhes confere o título de Pandits ou Vaidyas, equivalente ao termo Médico no Ocidente. E que conforme iremos descrever no decorrer de cada capítulo, a mesma tem uma profundidade muito ampla, ainda desconhecida no mundo ocidental.
Fragmentos da história da Medicina Ayurvédica
É muito amplo o número de textos clássicos abordando os diferentes métodos e processos de utilização da MA, todavia vamos aqui abordar algumas informações relevantes de como pode ter sido o princípio da sistematização ou codificação da mesma. Haja visto que suas bases já existiam, porém há milênios, não eram escritas, somente passadas oralmente. E houve um determinado momento histórico em que um corpo de sábios ou especialistas, preocupados em deixar um corpo de conteúdos e conhecimentos mais profundos, reuniram-se em uma grande assembleia. E na mesma chegaram a algumas conclusões interessantes sobre a vida, dentro da linha de transmigração. Por exemplo, que o corpo enquanto parte de um veículo para se obter conhecimentos mais sutis, ao mesmo tempo, estava sujeito a envelhecer ou a contrair doenças, algumas das quais que traziam dores profundas tanto físicas quanto emocionais. E que tais ocorrências tanto geravam sofrimentos quanto impedimentos para uma vida mais virtuosa e mais saudável. E chegaram à conclusão de que havia um corpo de conhecimentos muito amplo, porém esparso e que precisava ser codificado, sistematizado. Porém que eles, mesmo sendo eruditos, acreditavam ainda não estarem preparados para realizarem tal obra e então, que precisavam pedir ajuda a outros especialistas mais avançados.
Entre os eruditos que estavam presentes nesta assembleia nos sopes do Himalaya, haviam nomes distinguidos e respeitados como Agastyar, Ashvalia Ana, Ashita, Bhada Rayana, Bali Khya, Bhara Dwaja, Chyavana, Dhau Mya, Galaya, Garga, Gobhila, Harita, Hiranya Ksha, Jama Dagni, Kamya, Kanka Yana, Kapinjala, Kashyapa, Katya Yana, Kaun Dinya, Kushika, Langakshi, Maitreya, Markandeya, Narada, Para Shara, Parik Shaka, Pulasthyar, Sankhyar, Sankritya, Shakuneyar, Shandilya, Shara Loma, Shaunaka, Vaija Peya, Vaikha Nasa, Vama Deva, Vasishtha, Vishwa Mitra, e centenas de outros. Entre eles, estava o erudito e o mais proeminente dos especialistas chamado Bhara Dwaja e que era como um porta voz do grupo, junto à sociedade e também a outras instâncias. Em função disto, solicitaram ao mesmo que fosse pedir ajuda ao mais eminente estudioso e conhecedor da Medicina Ayurvédica, que se chamava Indra. Bhara Dwaja ouviu e aceitou a missão. Ao encontrar-se com Indra, abordou diretamente a questão, relatando o que havia ocorrido naquela assembleia e o que havia sido solicitado a ele. Que todas aquelas pessoas, estavam buscando uma solução ou um corpo de tratamentos que evitassem ou curassem o sofrimento humano. E se Indra, poderia ensinar os fundamentos da Ayurvéda para ele e após sistematizados, este conhecimento seria disseminado para os outros e para a sociedade como um todo. E foi assim que aconteceu.
Como nasceu o texto clássico Atreya Samhita
Indra durante longo tempo, foi transmitindo os fundamentos do Ayurvéda para Bhara Dwaja e este – passo-a-passo - ia retransmitindo tais conhecimentos para os diferentes grupos de especialistas interessados no processo de sistematização daquele conhecimento sobre a Ciência da Vida. Porém, Indra tinha vários reputados discípulos e entre eles estava um jovem - à época - chamado Atreya, estudioso metódico e que já havia escrito vários tratados sobre saúde entre outros. Atreya esteve presente em todas as aulas e discussões entre Indra e Bhara Dwaja e em função disto, escreveu um dos mais antigos tratados sobre Medicina Ayurvédica, o Atreya Samhita que é considerado um dos principais clássicos sobre MA.
Um outro fragmento da história
Todavia, Indra também tinha uma fonte muito mais erudita à qual recorria para aperfeiçoar seus conhecimentos sobre a Medicina Ayurvédica. E foi exatamente a este ser celestial que ele recorreu para levar a demanda daqueles(as) pioneiros(as) que buscavam sistematizar um conhecimento tão vasto e - ainda - sem um corpo diretivo ou uma matriz básica e fundamental. Indra recorreu a Brahma, aquele que detém o conhecimento da criação e este, compôs a própria matriz ou o texto fundamental do Ayurvéda. O Ayurvéda Samhita, um texto seminal sobre toda a ciência da Medicina Ayurvédica.
O Ayurvéda Samhita ou O Livro da Saúde Perfeita
Brahma sistematizou o Ayurvéda Samhita ou o livro da saúde perfeita, o mais antigo de todos os livros sobre o tema Medicina dentro da literatura da Índia. Ele estruturou o mesmo em cem capítulos detalhados com cem sub capítulos específicos divididos em oito temas especiais sendo:
1º) Shalya, ou o campo da Cirurgia geral e específica;
2º) Shalaka, ou o campo dos tratamentos de doenças ou enfermidades dos olhos, nariz, boca, ouvidos, garganta;
3º) Kaya Chikitsa, ou o campo de tratamentos doenças em geral que afetam todo o corpo, tipo diabetes, canceres, pneumonias, tuberculoses, anemias, infecções e inflamações em geral, degenerações das mais diferentes naturezas, disfunções orgânicas ou celulares entre outras;
4º) Bhoota Vidya, ou o campo de tratamentos causado por sentimentos ou emoções ruins profundas;
5°) Kumara Bhritya, ou o campo de tratamentos para bebes e crianças;
6°) Agada, ou o campo de tratamentos e desenvolvimento de antídotos contra venenos;
7°) Rasa Yana, ou o campo de tratamentos por meio de medicinas as quais promovem saúde e plena longevidade, além da restauração celular e até genética. Restauram a juventude, renovam as energias trazendo mais vigor. São preventivas ou curativas em relação às doenças mais comuns. E por fim, fortalecem os processos de memória.
8°) Vaji Karana ou afrodisíaco, ou o campo de tratamentos por meio dos quais se fortalece a capacidade sexual e restaura-se a capacidade dos órgãos sexuais e de procriação.
Pré-conclusão
Na sequência dos próximos capítulos iremos abordando como a Medicina Ayurvédica - ao longo de milênios - foi se desenvolvendo e se estruturando com um amplo corpo de conhecimentos, que são aplicados normalmente até a atualidade tanto na Índia como em muitos outros países da Ásia.
Todavia, iremos ainda abordar os textos clássicos com suas especialidades e parte do conteúdo dos mesmos.
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