Dizem que o amor é um sentimento imensurável, que, de tão abstrato, não pode ser definido em palavras. Só quem está apaixonado sabe as alegrias ou tristezas trazidas por esse sentimento, sem entender como às vezes ele pode ser tão devastador. O nosso próprio corpo, no entanto, dá dicas de como o amor atua na prática. Mãos suadas, coração disparado e dor na barriga são alguns dos efeitos percebidos pelos amantes. Esses e outros aspectos históricos, filosóficos, artísticos e científicos podem ser explicados pela "Anatomia do Amor".

De acordo com o cirurgião geral, especialista em anatomia e ex-professor da Universidade Católica de Brasília, Dr. Jordano Pereira de Araújo, a ciência entende o amor através do tempo. Tudo teve início com o famoso filósofo grego Aristóteles, que acreditava que os sentimentos e os pensamentos eram controlados pelo coração. “Essa idéia influenciou de forma marcante toda a cultura ocidental, e até hoje nos referimos ao amor e à paixão como coisas do coração”, conta o médico.

Ao longo dos séculos, no entanto, verificou-se que os sentimentos e as emoções são controlados principalmente pelo sistema límbico, uma área do encéfalo que compreende diversas estruturas como o hipotálamo, o tálamo, o hipocampo, o giro do cíngulo e a amídala. O fato de estar apaixonado é comparável ainda a uma doença mental, sendo possível relacionar alguns sintomas como o pensamento obsessivo sobre o ser amado, a perda de sono, taquicardia, alterações de apetite, tremores de extremidades, entre outros.

Uma pesquisa da Universidade de Pisa, na Itália, demonstrou que o amor, enquanto objeto de estudo, está próximo de um transtorno obsessivo compulsivo. “Paixão e problemas mentais apresentam redução nos níveis cerebrais de serotonina, ou seja, aquela substância química produzida pelo organismo que causa sensação de bem-estar. Isso explica por que os apaixonados sofrem de sintomas iguais aos de indivíduos que têm depressão, como perda de apetite, alteração de humor e dificuldade de concentração”, explica Dr. Jordano.

Química do Amor


No livro “A Anatomia do Amor”, além da serotonina, a antropóloga norte-americana Helen Fischer compara os hormônios que compõem a Química do Amor. De acordo com ela, a testosterona é responsável pelo desejo sexual, hormônio que desencadeia a atração e faz os amantes iniciarem o relacionamento.

A dopamina e a norepinefrina causam euforia na fase de atração e conquista, induzindo o par a estabelecer um vínculo afetivo. Por fim, a ocitocina e a vasopressina têm função de acalmar o relacionamento, estabilizando a emoção dos amantes. “Todas essas anormalidades nas pessoas se devem a alterações dos níveis dessas substâncias no cérebro”, ressalta o médico.

Um dos ímãs para atuação da serotonina, primeiro passo em direção ao amor, é a atração física. Por isso, inúmeros cientistas tentam definir o que é beleza e avaliam as manifestações anatômicas e equações bioquímicas no organismo. “Ainda não se sabe ao certo até onde a ciência pode realmente traduzir em números e estatísticas o que é o amor. Muito além da beleza, está a atração física dos pares. Isso, na maioria das vezes, conta muito em um relacionamento”, ressalta Dr. Jordano.

Apesar de toda a evolução do conhecimento técnico a respeito dos sentimentos humanos, o mistério do amor ainda permanece em muitos aspectos. “A verdade é que, mesmo que haja um fundamento fisiológico, o amor continua sendo um sentimento nobre que mobiliza a todos nós”, finaliza Dr. Jordano.


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