Ao contrário da visão popular, a ciência não é apenas a definição objetiva de teorias, métodos, e mecanismos, mas também não é constituída tão somente de hipóteses empíricas.


O que conhecemos como ciência hoje nasceu do que chamamos de Alquimia no passado, quando homens tentavam transformar o chumbo em ouro. Ela nasceu da experiência dos magos e alquimistas do passado, e se tornou uma escola a pouco mais de duzentos anos.

Entretanto, com o volume de conhecimentos herdados dos antigos e mais aqueles que foram se desenvolvendo a partir dos novos paradigmas, era natural que mais cedo ou mais tarde fosse se subdividir em várias especialidades.


A física hoje tem vários segmentos. A cosmologia abrange outros tantos. E também surgiram outras técnicas e métodos que foram inicialmente agrupados sob o titulo geral de “ciências humanas e sociais”.


O mecanicismo atribuído erroneamente a Descartes foi instrumental para alimentar a hubris daqueles que de um momento para o outro da história, começaram a se ver como expoentes de “como as coisas funcionam, como construí-las, de onde vem e para onde vão”, tentando sistematizar tudo e colocar em caixinhas acadêmicas... Mas esse radicalismo não se sustenta mais no cientista sincero porque ele sabe que todas as ciências precisam levar em conta a natureza da vida, do ser humano, da sociedade e de seus comportamentos.


Portanto, evitando uma linguagem esotérica, preferem dizer que levam em conta as pressuposições filosóficas como fundamentais ao empenho científico. Mas o que são as tais pressuposições filosóficas?


As religiões imbuíram a humanidade de que há um agente interveniente sobrenatural na raiz da existência do universo e da vida como a conhecemos. A complexidade cada vez crescente dessas manifestações levou ao paradigma de haver mecanismos causais que governam a natureza.


Por exemplo: Hoje cada vez mais pessoas acreditam que o planeta Terra que habitamos não é excepcional e único. Que provavelmente, em nosso vasto universo, não só há outros planetas, como também, conforme suas condições físico-químicas tenham desenvolvido sistemas vivos. E mais gente ainda já consegue compreender quando dizemos que o próprio planeta Terra é afinal um ser vivo em contínua transformação.


A dificuldade está em que tais pressuposições filosóficas não podem ser submetidas ou recriadas em cadinhos de alquimistas ou frascos de laboratório, e as conclusões a que levam também são duais – ou existe um agente sobrenatural, um deus criador e organizador; ou então há uma consciência coletiva ou cósmica que rege os ciclos de causa-processo-efeito que empiricamente podemos perceber na raiz de todas as coisas, sejam físicos ou não. Entretanto, as divergências são tantas que estamos mais longe das respostas do que antes.


Nos limites dos conhecimentos assim alcançados, passamos a transformar os fundamentos dos nossos pensamentos, comportamentos e crenças de acordo com as premissas novas que a ciência nos propõe. A partir desses limites, os mais empedernidos cientistas não podem evitar de, ao menos cogitar (como disse Descartes: Cogito, Ergo Sum) sobre o lado que permanece oculto, desconhecido e esotérico.


A consciência humana, que julgamos proveniente da nossa capacidade de pensar, raciocinar, planejar e projetar; é uma dessas “ciências” que ainda não conseguiram especificar o mecanismo que rege essa habilidade que pensamos nos distinguir de todas as outras formas de vida. Até porque, quanto mais estudamos, mais percebemos que ela está totalmente integrada e envolvida com todos os outros aspectos e formas, inclusive aquelas que achamos que não tem consciência própria.


As discussões “acadêmicas” até hoje não conseguiram sequer decidir se a consciência se origina no cérebro, ou se é algo como um agente sobrenatural que atua para muito além dos nossos neurônios. Nosso sistema neurológico complexo, que determina e torna possível os nossos movimentos, nossa participação nas ações do cotidiano; é um mecanismo. E hoje sabemos muito a respeito dele. Mas como ele foi criado? Quem o criou? Quem o administra e governa? Os próprios cientistas enfrentam mais cedo ou mais tarde esse questionamento a respeito de si mesmo. O que os faz pensar como pensam, agir como agem e ser o que escolhem ser? Justamente isso continua sem definição.


Como tomamos as decisões para fazemos nossas escolhas de caminhos diante dos desafios de conduzirmos nossas vidas? Porque concordamos ou discordamos? O que nos leva a paroxismos de extremos emocionais? O que induz nossas ambições?


Não somos máquinas projetadas, mas temos no corpo humano e sua complexidade uma máquina mais intrincada do que um automóvel com seus milhares de peças. Também precisa de combustível (alimentação), lubrificação (água e óleo), mas precisa de um condutor diferente: a consciência para decidir e escolher entre o bem e o mal... Não há sinais visíveis e automáticos nas esquinas de nossas vidas para dizer quando devemos parar, quando devemos esperar ou quando podemos atravessar para o outro lado.


A própria ciência enfrenta esse dilema. Suas conclusões não se provaram absolutos. Novas pesquisas, novas causas, levam a novos processos e a novos efeitos e vão alterando os paradigmas antigos. Ainda que a hubris de alguns queira persistir em manter conhecimentos superados, esses acabam por tombar diante da realidade da contínua transformação e evolução de tudo, principalmente da própria ciência.


A especialização levou à subdivisão dos conhecimentos em correntes que pretendem estudar e determinar mecanismos em segmentos parciais, mas não consegue fugir do fato de que são componentes de um todo indivisível, e que quanto mais os subdividimos menos entendemos. Já nos anos 60 do século passado, adotei a definição de que “A especialização é a técnica pela qual ficamos sabendo cada vez mais sobre cada vez menos, até chegarmos ao saber tudo sobre o nada”.


Essa subdivisão tende, por um lado, a radicalizar o conhecimento que se alcança, mas uma vez desintegrado do todo, ele passa a ser ineficaz porque não se encaixa mais nem mesmo no conjunto do qual foi separado. É como se trocássemos uma peça do carro por outra “parecida”, mas não compatível.


Isso se reflete no comportamento humano. Todos nós somos duais, oscilamos sempre entre dois extremos opostos. O equilíbrio ou o “ponto do meio” é a espiritualidade, de que somos todos dotados. Entretanto, quando a nossa espiritualidade é desequilibrada tentamos substituí-la por outros subterfúgios, outras “peças parecidas”. Geralmente, as religiões são a válvula de escape. Curiosamente, o efeito de usar meios de fuga sempre nos leva a desequilíbrios cada vez maiores. Como por exemplo, a dependência de bebida, drogas ou até medicamentos.


A espiritualidade não tem nada a ver com religião, o que não quer dizer que a religião não possa nos conduzir a ela. Mas quando usamos a religião ou qualquer outro modo de fuga da nossa realidade tornada incompatível, o efeito é contrário.


Os cientistas também são humanos e possuem espiritualidade natural que precisa de equilíbrio. Precisa de algo em que acreditar. São parecidos com os médicos, outro ramo da ciência hoje extremamente pulverizado. Mas estes são prejudicados mais por nós acreditarmos que a ciência deles é tão perfeita que passam a ser donos das nossas vidas ou morte.


A religião e a ciência se separaram e se colocaram em campos opostos, e será muito difícil a conciliação. Mas a espiritualidade, a qualidade inerente à nossa natureza esotérica, pode nos conciliar com a realidade. Assim, quando os cientistas admitirem e aceitarem a espiritualidade, também começarão a chegar às verdades mais sólidas, menos fragmentadas e menos radicais, ou menos voltadas para fins bélicos do que para o bem-estar da humanidade.


Portanto, quando os cientistas recuperarem conscientemente seu lado esotérico, e o lado esotérico de suas “ciências”, o mundo começará novamente uma transformação, mas desta vez, quicas, para melhor... Que eles o têm justamente porque são “humanos”, isso nem eles podem negar ou separar em um tubo de ensaio.


Vejamos certas “ciências” como a dos nutricionistas. As das técnicas e terapias orientais tradicionais hoje cada vez mais adotadas no mundo ocidental, mas sem as premissas espirituais que as originaram, como a acupuntura, a aromaterapia, a fitoterapia. Estudem a escola Jungiana de Psicologia Social que deu origem à Psicoterapia.


Muitos ramos hoje entendem que conseguem resultados positivos até de cura se estimularem o equilíbrio espiritual de seus pacientes. O autismo, a síndroma de down, e a mais temida – velhice. Os fonoaudiólogos, por exemplo, sabem que podem obter muito mais se conduzirem seus pupilos a um estado de calma, reflexão, serenidade. A meditação é uma das ciências mais relegadas, mas hoje ajuda inclusive a cuidar de pacientes terminais nos hospitais. Por quê? Porque devolve o equilíbrio da espiritualidade, ou seja, é o lado esotérico dessa ciência, um lado que existe em todas as ciências, por mais materiais ou objetivas ou mecânicas que sejam.


Como explicar a busca do Bosom de Higgins se seus pesquisadores não acreditassem que há muito mais no universo do que a nossa vã imaginação e ciência afirmam...

 

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