Todos os dias nós contamos mentiras – muitas delas são as chamadas “mentiras sociais”, usadas como artifício para não magoar alguém que gostamos. Mas o hábito de mentir não faz parte apenas do mundo dos adultos: mesmo as crianças mais novinhas já sabem utilizá-lo a seu favor. Na maior parte das vezes, para evitar uma punição quando fazem algo que vai contra o que é estabelecido como regra pelos pais ou pela escola. “Para realizar seu desejo, (a criança) tenta burlar essas regras e acaba mentindo”, explica a educadora Rosângela Hasegawa, diretora do Evolve Berçário e Colégio Infantil, em São Paulo.

Mentira x Fantasia

Durante a infância, o limite entre a fantasia e a realidade ainda não é muito claro. Por esse motivo, as crianças podem inventar histórias que não devem ser confundidas com as mentiras. É o caso, por exemplo, daquelas que afirmam terem visto o papai Noel na noite de natal. “Quando novinhas é normal as crianças falarem de coisas que não existem e que não correspondem à realidade por causa de pensamento fantástico delas”, ressalta Valéria Valenza, coordenadora pedagógica do colégio Palmares, também da capital Paulista.

A expressão da fantasia é diferente da mentira que reflete outros desejos, como a vontade de conhecer um lugar específico, que também pode levar a criança a mentir, dizendo que fez uma viagem que na verdade nunca ocorreu. “Corresponder a expectativas dos colegas também é outro motivo recorrente,” diz Rosângela Hasegawa. “É o caso das crianças que dizem ter um brinquedo que não possuem”.

Como inibir esse comportamento

Para inibir esse comportamento, a educadora do colégio Palmares recomenda que os pais conversem com a criança, mostrando que a honestidade é o melhor caminho. Além disso, é fundamental dar o exemplo – evitando inclusive as mentirinhas do dia-a-dia. É sabido que a aprendizagem se dá em grande parte por imitação, e o hábito de dizer a verdade não é diferente. “Se a criança percebe no cotidiano, que os pais falam pequenas mentiras, até as “mentiras sociais” isso já é negativo, porque ela vai imitá-los”, ensina Valéria.

Outro ponto importante é não punir a criança quando ela for pega numa mentira. Um estudo realizado em 2014 na McGill University, no Canadá, mostrou que crianças são menos impelidas a dizer a verdade quando têm medo de serem punidas, ao contrário daquelas que são instruídas a fazê-lo por ser o certo e porque isso irá agradar a um adulto.

Segundo Rosângela, punições incentivam ainda mais a criança a continuar mentindo, uma vez que é justamente o medo de castigos um dos maiores motivos que levam ao comportamento. Em vez de reprimir a “quebra de regras”, os pais estarão, na verdade, fazendo com que a criança use cada vez mais da mentira para encobrir atitudes inadequadas. Por isso, é importante identificar a origem do problema deixar claro à criança que dizer a verdade é a coisa certa a se fazer. “Os pais devem mostrar à criança que mentir não é uma atitude correta e que não corresponde a uma atitude que ela deve ter”, diz a educadora.

Muitas mentiras podem indicar insegurança

Além do dilema moral que cerca a mentira, o comportamento pode também ser um indicador de que a criança é muito insegura, o que pode exigir mais atenção ou até mesmo acompanhamento profissional. “Existem alguns casos específicos de crianças que mentem por terem uma personalidade insegura e medo de enfrentar os problemas e isso faz com que elas tendam a mentir”, afirma Rosângela.

A insegurança é demonstrada tanto pelas “mentirinhas” quanto pelas mentiras maiores. “Desde a pequena mentira até a grande mentira mostram que por trás daquela pessoa há uma pessoa insegura ou uma criança que está se construindo com uma personalidade insegura e isso no futuro vai gerar dificuldades para ela enfrentar seus problemas do cotidiano”, afirma a especialista. Por isso, quando as mentiras são muito numerosas, os pais precisam abrir os olhos, buscando formar uma criança segura e capaz de lidar com as próprias dificuldades e limitações.


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