Hatha Yóga Clássico XVIII




No capítulo anterior a este, abordamos um tema quase desconhecido da sociedade, qual seja os diferentes campos de energias cósmicos e suas estratificações. E, como tais campos mórficos, atuam de forma direta no dia-a-dia e na vida das pessoas. Contudo, como tais energias influenciam de forma direta, tanto a saúde quanto o bem-estar das mesmas. Todavia, buscamos mostrar algumas possibilidades concretas de como a prática do Hatha Yóga, pode produzir benefícios à saúde e mais que isto, por meio da realização do conjunto de exercícios, como manter um equilíbrio interior e eletro somatológico emocional, nervoso e psicológico. Porém, na medida em que avançamos a cada capítulo, vamos identificando algumas questões interessantes que não podem ser perdidas de vista. Por exemplo, sobre as origens milenares do Hatha Yóga, o que significa praticar o mesmo e a que isto pode - ou não - nos conduzir. Portanto, neste capítulo vamos voltar um pouco lá nas origens dele e tecer algumas considerações importantes e necessárias.

Como surgiu o Hatha Yóga

O Hatha Yóga, é um dos sete ramos clássicos do Yóga, surgido na Índia há mais de cinco mil anos. A palavra Yóga, em Sanskrito - a língua mãe e língua viva da índia - significa, literalmente união, e é palavra masculina, advinda da raiz etimológica Iuj, que quer dizer unir, fundir, ligar, religar.

Todavia, em seu aspecto mais profundo, ou seja, na prática verdadeira, a palavra Yóga representa “a união do ser partícula de luz, com a Divina Origem Criadora”, através da realização espiritual, que se denomina Samadhi. Contudo, é evidente que esse é um aspecto final do caminho das práticas do Hatha Yóga e, que demanda muitas vidas e muita queima ou diluição de Karmas e seus Marmas. Pois, para se chegar a esse estágio tão avançado, o ser partícula de luz, ainda precisará passar por toda uma série de outras etapas ou estágios evolutivos interiores. E, se praticar com disciplina e seriedade, possivelmente obterá essa “Iluminação ou Estase” interior, com sementes karmicas de vidas passadas - sementes das ações passadas - e depois, ao final, sem sementes dessa natureza.

Mas esse processo de Iluminação precisa ser analisado de uma forma muito delicada e consciente, profunda e abrangente. Pois o atual estado da “civilização humana” é tão crítico e precário - basta olharmos para uma parte do mundo e da sociedade atual - que por milhares de vezes, impede que esta sociedade mantenha seu foco, seus objetivos e que alcance um nível mais elevado de consciência e de espiritualidade interior.

O Hatha Yóga, que é parte dos sete ramos clássicos do Yóga, tem sua origem dentro do próprio sistema védico de conhecimentos (Veda, literalmente que dizer conhecimento profundo, inclusive interior e espiritual). O sistema védico é estruturado em Revelações e Memórias e o Yóga Clássico surge dentro de ambas as estruturas. Os sete ramos clássico, surgiram com o florescer da humanidade, em sua época mais pura, singela e humilde, com histórias, textos clássicos e filosofias e práticas bem específicas e peculiares. Todavia, acessíveis a todos, respeitadas as devidas condições pessoais.

Identificando textos clássicos de origem

Entre os textos clássicos tradicionais sobre o Hatha Yóga, os principais são o Gheranda Samhita - ou Coleção do sábio Gheranda - o Hatha Yóga Pradipik - ou a Pequena Luz do Hatha Yóga - o siddha Sidanta Padhati - ou a luz dos conhecimentos do sábio Sida Sidanta - e o Yoga Shudamani Upanishad - ou o conhecimento mais profundo do ser. Estes textos abordam de forma direta, exclusivamente o Hatha Yóga, mas são raros de serem encontrados na sua integra. Há outros textos clássicos também, como alguns Upanishads e alguns Puranas que são bastante concisos e sobre o mesmo assunto, contudo são poucos e raros e não publicados no Ocidente.

Outra abordagem importante

Ao contrário do que se vê publicado em diversos textos ocidentais sobre Hatha, o mesmo tem estratificações bem determinadas, sendo estas:

A) O Sadanga - a prática das seis partes ou das seis angas, descrita por Goraksanatha no seu tratado sobre o assunto. Ali, ele descreve de forma sucinta, métodos, técnicas, vias de práticas. Todavia, vai muito mais além e aborda aspectos éticos dos praticantes, a vida cotidiana, os costumes, e a vida que deve ser moderada e coordenadas para seguir-se um caminho mais suave.

B) O Saptanga - a prática das sete partes ou das sete angas, descrita por Gheranda no seu tratado sobre o assunto. Ali, ele descreve de forma complexa, métodos, técnicas, vias de práticas. Todavia, vai muito mais além, e aborda aspectos éticos da vida cotidiana e sobre os praticantes, costumes, princípios, a alimentação que deve ser - se possível - vegetariana e moderada. Sobre evitar qualquer tipo de vício nocivo. E vai mais além, dando uma visão sobre a Iluminação ou Samadhi.

Há também, as chamadas tradições e costumes de práticas, muito fortes e bem arraigados, envolvendo a pureza e os princípios de práticas, de onde também se pode observar todo um contexto amplo e profundo. Um outro ponto importante, é que os conhecimentos iniciais foram recebidos pela quinta raça raiz do planeta e que na antiga Índia - que à época era chamada de Arya Vartta, ou terra dos povos Aryas ou santos - faziam parte da sociedade espiritual. E que transformaram tais conhecimentos inspirados, em textos clássicos para a posteridade, chegando partes dos mesmos e fragmentos até a civilização atual.

Por essas e outras razões, é necessário e importante que quando tais conhecimentos forem abordados, seja levado em consideração o período de tempo transcorrido até a atualidade, o tipo de pensamento predominante àquela época e o tipo de pensamento predominante atual. A realidade social e histórica daquela época e a realidade atual, a forma de transmissão daquela época - predominante oral - upanishad - e as formas atuais, via de regra pela internet e bastante pobres e deturpadas, com graves distorções de contexto e desconhecimento de causa e origem. E mesmo as interpretações alegóricas e sagradas daquela época muito distante. E que precisam ser vistas com muito cuidado e discernimento pelos (as) interessados (as) para evitarem equívocos de interpretações errôneas. Em especial, no que diz respeito às suas transliterações, traduções ou mesmo neo-interpretações. Esta uma questão bastante séria, tanto para eruditos orientais e ocidentais, estudiosos do tema e mesmo para os praticantes.

Outro ponto de inflexão bastante importante, é que mesmo com o surgimento do Sans krito - bem escrito - com suas 16 vogais, 34 consoantes e o seu H aspirando e seu M ou N em forma de um ponto, ainda que com toda esta riqueza e flexibilidade desta língua, mesmo assim, ela é uma língua difícil até para os estudiosos. E como - sempre - os textos clássicos sobre o Yóga, vem escrito na mesma, esse também é outro fator limitante para um aprofundamento do conhecimento no tema. Daí, ser necessário usar - além do próprio conhecimento - o máximo de bom senso e equilíbrio ao se tratar de tais assuntos. A fim de não se deixar levar por exageros que normalmente o dogmatismo pode produzir, ou por fantasias e ilusões, tão comuns quando se está referindo a conhecimentos muito distantes ou mesmo a fatos absolutamente irreais e inverossímeis. Tipo distorção de tradução em um texto clássico ou mesmo equívoco sobre o significado de uma passagem, ou até do texto como um todo.

Breve conclusão

Como pode-se observar pelo que foi exposto aqui, o ramo clássico Hatha Yóga no seu conjunto, é passível de um profundo estudo e pesquisa, e representa uma ciência muito mais ampla do que pseudo-autores de internet que tentam fazer crer erroneamente, ao considerar o Hatha Yóga como uma simples prática de posturas corporais. Já que aparentemente desconhecem os diferentes métodos do Hatha e suas diferentes técnicas e vias de abordagem, além da sua imensa riqueza de elementos práticos.


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