Se na dinâmica do Shui Long (Dragões de Água) - vide artigos anteriores, foram apresentadas as premissas das técnicas de “fluxo externo” no que tange o Feng Shui dito avançado, nesse mês será priorizado o Shan Long (Dragões de Montanha), um dos temas ancestrais do Kan Yu, que remonta a própria dinâmica da interação do homem na percepção de si com o meio (cadeia de montanhas, picos, vales, pontos de força natural, etc). De qualquer maneira, é necessário, primeiramente, entender os diversos significados de Shan:

• A designação do número localizado à esquerda da estrela do período num Mapa de Estrelas Voadoras;
• Os 24 “subsetores” de 15º cada da Luo Pan, nomeadas, na sua forma básica, com os ideogramas Tian Gan - Troncos Celestiais, Di Zhi – Ramos Terrestres e de alguns Trigramas (Xun, Qian, Kun e Gen);
• Um pico, parte ou conjunto de montanhas;
• Relações entre aspectos manifestados da Natureza (pontos de força, concentração de Di Qi e observações quanto ao Tu Qi – energia da paisagem, da topografia, do solo);
• Entre outros;

            No artigo em questão, referir-se-á, sobretudo, aos termos “manifestados” do Qi, ou seja, enquanto montanha real (elevação natural de terra destacada) ou virtual (edificações).

Xing Shi – A Antiga Escola da Forma e Configuração

            No Xing Shi Pai (Análise Formal Complexa), criam-se conceitos baseados no paisagismo e na percepção simbólica do observador. Camuflada pelo viés poético e sensível, na verdade representam os profundos conhecimentos dos padrões dos fluxos da energia existente dentro das montanhas, e emanadas pelos vales e rios, até a localidade estudada, seja uma casa, templo ou túmulo (Yin Zhai). É, ainda hoje, uma arte secreta, de difícil acesso, mas que pode ser minimamente “traduzida’, como linguagem Li Qi (Potencial Direcional Qualitativo), através das mais variadas técnicas contidas nas Luo Pans das 3 Harmonias e dos 3 Ciclos, tais como:

• Ren Pan Er Shi Si Shan (Combinando as 24 Montanhas do Prato do Homem com os 5 Elementos Poéticos);
• Xiao Sha Fa (Método de Averiguação e Mudança de Colina);
• Di Mu Fan Gua Jiu Xing (Mudança do Gua Materno da Terra das 9 Estrelas);
• 60 Ping Fen Liu Shi Long (60 Dragões Uniformemente Divididos);
• 60 Tou Di Liu Shi Long (60 Dragões Terrestres Penetrantes);
• 72 Chuan Shan Long (72 Dragões Perfurantes);
• 120 Fen Jin Long (120 Divisões de Ouro dos Dragões);
• 240 Fen Jin Long (240 Divisões de Ouro dos Dragões);
• 61 Ying Suo (Dragões Desiguais, Expandidos e Contraídos);
• Xuan Kong Da Gua Zheng Shen (Espírito Correto da Escola do Grande Hexagrama);
• Xuan Kong Liu Fa Zheng Shen (Espírito Correto da Escola dos 9 Parâmetros);
• Entre outros;

            Alguns dos métodos acima conseguiram se adaptar à contemporaneidade, sendo encontrados, como dinamizadores complementares de estudos atuais, como o Ba Zhai – 8 Palácios ou Fei Xing – Estrelas Voadoras. Se, originalmente, a maioria dos Shan Long Xue eram técnicas específicas para Yin Zhai voltadas ao incremento da saúde e bons relacionamentos dos descendentes, atualmente, esse conjunto de métodos foi adaptado para o uso em construções (Yang Zhai), sobretudo a prática do Shan Long Fan Gua (Dragões de Montanha pela Mudança do Gua). Alguns referenciais descritivos:

            As características das Estrelas influenciam nos relacionamentos e saúde em geral, no caso das relações entre a paisagem externa e o Assentamento da construção. Para o uso interno, a influência ocorre na personalidade e comportamento dos moradores.

 Vide imagem

            Desta feita, diria que existem variadas maneiras de se examinar o Feng Shui, sempre de acordo com a proposta e critério do estudante. No nível rasteiro e quase banal, encontram-se os quadros de dólar, euro ou similares no tal canto da prosperidade e a torcida “para dar certo”. Em seu aspecto genérico e casual, o uso das dinâmicas ambientais tradicionais apenas para o benefício pragmático, seja um incremento na carreira ou bem-estar familiar. Mas se o pesquisador estiver disponível a conhecer os segredos guardados das memórias estelares e dos cânticos de Gaia, talvez seja necessário se aprofundar nos respiros silenciosos das montanhas existenciais tão temidas, sendo o sentimento intrínseco do Ser como reconhecimento de bússola-guia e de escolha-Shan fundamental. Mas será que queremos isso de nós mesmos, um algo além do ar condicionado utilitarista?

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