Educação e envolvimento da sociedade é a principal ferramenta nesse caminho



A notícia sobre o terrível incêndio que ocorreu, em setembro de 2019, em um hospital no Rio de Janeiro, vitimando 11 pacientes, levantou um importante questionamento em toda a sociedade. Afinal, até que ponto um  paciente está seguro em uma instituição de saúde?   

O termo “segurança do paciente” pode ser pouco conhecido pela população, mas é sempre possível notar quando algo não está bem. A forma como você é atendido em um hospital, por exemplo, fala muito sobre a organização daquele lugar.

Observe as relações entre os profissionais de saúde e com você. O médico o envolve no processo de tomada de decisão? Você entende, de fato, o que ele explicou sobre o seu diagnóstico e tratamento? Antes de disponibilizar algum medicamento, o enfermeiro diz a você ou ao seu acompanhante qual “remédio” é aquele?

A segurança do paciente se torna possível por causa desses e de tantos outros processos, que incluem as formas como as pessoas trabalham e a infraestrutura do lugar. É preciso adotar uma série de ações para diminuir o risco de que algo de errado aconteça. Se não há estratégias e métodos que sirvam como barreiras contra os erros, colocamos os pacientes em risco.

Por isso, o cuidado com a segurança precisa ocorrer a todo momento. Não se trata de um esforço pontual ou de uma lista de melhorias que serão conquistadas uma vez e que nunca mais serão vistas. A verdadeira segurança do paciente exige constante vigilância. E mesmo atenta a isso, uma instituição sempre corre o risco de falhar.

Hoje, no Brasil, menos de 5% dos hospitais comprovadamente seguem padrões internacionalmente conhecidos de qualidade e segurança do paciente. Se a saúde é um direito de todos, a segurança do paciente não pode ser um privilégio para poucos.

Hoje o nosso maior desafio é fazer com que a cultura de segurança alcance todas as instituições de saúde brasileiras, sejam elas grandes ou pequenas, nas capitais e no interior, no setor público ou privado.

Para que isso se torne verdade, é preciso unir a todos – pacientes e familiares, gestores, profissionais de saúde, governos, planos de saúde, universidades, indústria, sociedade civil. Cada um tem o seu papel nesse caminho. Todos nós podemos nos tornar multiplicadores e agentes ativos na criação de uma assistência mais segura.

Em mais de 20 anos de luta pelos padrões de segurança na saúde, na Organização Nacional de Acreditação, aprendi que a educação e a informação são as duas principais armas para esse objetivo. Com isso, desenvolvemos instituições de saúde mais preparadas, profissionais mais capacitados e pacientes atentos e participativos.

Precisamos falar sobre segurança, não só no Dia Internacional da Segurança do Paciente (17 de setembro) mas sim em todos os dias, de todas as formas e em todos os lugares. Quanto mais falarmos e aprendermos sobre isso, menores serão os desperdícios no sistema de saúde, mais profissionais terão condições de trabalho adequadas e, principalmente, mais vidas serão salvas.

Cláudio Allgayer
Médico
Presidente da Organização Nacional de Acreditação (ONA) e Vice-presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde)

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