A matriz da nossa existência
Texto de: Boris Artemenko - professor de Astrologia - ba.astros@gmail.com - Setembro 2014
Em cada um de nós, existe uma matriz original para a nossa existência no plano físico. A maioria chama essa matriz de DNA e hoje se sabe que ele consta em cada célula do nosso organismo. Mas até hoje, a ciência não conseguiu entender como este dispositivo simples e aparentemente orgânico pode armazenar tanta informação a ponto de a partir do óvulo fecundado, desenvolver um ser que desde o seu nascimento do útero, continua a evoluir, crescer, pensar e atuar, e finalmente envelhecer até o desgaste de todo o seu complexo sistema.
Hoje, estamos chegando mais perto com os estudos mais profundos do que sejam a consciência e do papel do eletro-magnetismo que mantém a organização desse sistema. Já se sabe por exemplo, que o próprio DNA é na realidade um receptor e emissor de pulsos elétricos. Mas de onde vem esses pulsos e essa memória de sua estrutura que evidentemente é pré-programada de alguma forma para cada espécie?
A dificuldade em entendermos esses processos sutis da existência está em que a ciência se vê limitada pelos parâmetros da fisicalidade e raramente olha alem dos limites desta, como se tudo precisa necessariamente ser expresso em formas de matéria. Ainda assim, que cada componente do nosso complexo sistema orgânico fosse “uma peça” como, por exemplo, as de um automóvel ou de um computador, o que determinaria a sincronicidade com que todas essas peças conseguem funcionar como um todo?
É a essa energia motora desconhecida que as religiões chamam de Deus e a ciência agora começa a chamar de “consciência”. Não a consciência que determina se estamos sendo virtuosos ou se somos pecadores, mas a consciência que processa todas as informações de tudo que se passa e que ocorre a cada passo e que determina o que irá se passar em consequência daí para a frente.
Os místicos e os orientais têm dois conceitos de que já falamos várias vezes sob vários aspectos: as memórias Akássicas e o Kárma, com seu reflexo no cotidiano, o Dharma. Entretanto, os ocidentais, devido à restrição dos paradigmas impostos por seus dogmas, não conseguem vislumbrar nesses conceitos o que os constitui e faz manifestar-se através da nossa existência, e como ordenam a memória do nosso DNA e o regulam, a ponto inclusive de permitir a regeneração de vários órgãos, células e funções do nosso organismo. Entretanto, a maioria das teorias de cura energética dos orientais se baseia justamente nessa qualidade fundamental da nossa matriz.
E mais, o Akásha e o Kárma armazenam muito mais informações do que são necessárias de imediato para a manifestação e funcionamento de nosso organismo, o que nos confere uma versatilidade que inclui capacidade de adaptação, desenvolvimento, manipulação e até mudanças radicais tanto de percurso como de expressão das nossas existências. Parece que continuo a falar de coisas desconhecidas e incompreensíveis à nossa reduzida capacidade de assimilação, mas essenciais a que mais cedo ou mais tarde, refletindo sobre como agem em nossa própria vida, venhamos a compreender, aceitar e finalmente nos integrarmos, atingindo uma plena individualidade.
Se fossemos meras máquinas dotadas de peças projetadas para funcionar em conjunto e coerência, teríamos um papel bem mais definido e limitado a desempenhar em nossas vidas. Nossa versatilidade e adaptabilidade existem porque a força motriz que nos confere a matriz contém milhões de informações e combinações complexas que podem ser ativadas de acordo com a necessidade, e o são continuamente levando nossa versão física a desempenhos muito mais abrangentes do que a nossa simples versão física seria capaz de alcançar se fosse mera máquina.
Passamos a maior parte de nossas vidas em vãs tentativas de compreender isso, mas sempre procurando evidencias ou da existência de um ser benévolo que puxe as cordas que mudem e apazigúem o nosso sofrimento, ignorância e frustração; ou então a fiandeira que tece a teia de cada existência esperando que ela não deixe romper o fio da nossa; ou então em derradeiro desespero através de augúrios ou outras técnicas de adivinhação.
É certo que essa matriz permeia ao Cosmos todo e por isso, o axioma de Trimegisto de que tudo abaixo é igual ao que há acima e vice versa é mais do que verídico. Mas nós não sabemos mais ler porque estamos sempre procurando em todos os lugares menos onde se encontram as respostas.
Nossa dificuldade não é tanto de desorientação ou de credulidade, quanto à falsa visão do quanto somos capazes com nossa habilidade de pensar, calcular e escolher. Pensamos ser muito mais capazes do que realmente somos. Vemos-nos como a espécie mais apta de todas e não admitimos a nossa pequenez diante da consciência que determina a matriz. Ainda que usássemos toda a capacidade de raciocínio dos nossos cérebros físicos, seriam incapazes de alcançar tão vasta visão. Nossa presunção nos faz capazes de sermos seres físicos, mas não integrados ao Universo em que existimos e tivemos origem.
Seria preciso entender que mesmo nosso cérebro que parece ser um processador de computador, tem limitações porque depende da energia que o ativa. E enquanto não formos capazes de nos conectar nessa energia, não conseguiremos ver adiante dos nossos narizes. Vislumbramos às vezes essa energia quando nos dedicamos à meditação, à visualização e ordenamento dos nossos chákras, mas por acreditarmos nisso somente com metade do nosso ser de que estamos nos distanciando cada vez mais, a nossa espiritualidade, conseguimos efeitos efêmeros e nos acomodamos neles. Quando eles por falta de manutenção, esvanecem, então desistimos de vez desse caminho.
Incrivelmente, esse é o caminho pelo qual alcançaríamos as respostas que almejamos encontrar. É o caminho dos Budas, dos monges verdadeiros, dos mestres e é um caminho complicado porque nos conduz ao desapego das coisas materiais e no vórtice da vida moderna em que nos vemos presos, é muito difícil aceitarmos porque isso não resolve os problemas financeiros, os problemas econômicos, não proporciona emprego etc. Há muito, deixamos de compreender que o êxito ou felicidade de nossas vidas não está no materialismo e sim na espiritualidade. Equilibrados espiritualmente, conseguimos conquistar o êxito material e não o contrário.
Seria muito fácil se fosse possível nos reconectarmos com a nossa matriz com um botão ou interruptor como ligamos a luz, mas não é assim. Porém, se formos capazes de nos determinar de que “Não mais tentaremos forçar as coisas para ter o que queremos, mas sim aprender a valorizar o que temos; não viveremos nossas vidas usando modelos de outros, o que em geral nos incompatibiliza com o nosso semelhante e acaba por nos levar à insanidade emocional, mental e danos ou doenças físicos. Ao invés disso, minha meta diária a partir de agora será de ser eu mesmo, ser o que sou.” Mas precisaríamos adotar esta afirmação, essa determinação, de todo coração e com todo o nosso ser.
Precisaríamos passar a desejar nos reparar com amor e dedicação, com comprometimento a nós mesmos e à nossa matriz, e aprender, ou até reaprender as reais necessidades da nossa totalidade, para começar pela cura do que está doente e errado e em seguida nos tornarmos verdadeiros consigo mesmos.
Se passarmos a usar essa afirmação como mantra constante, com certeza conseguiremos incorporá-lo ao nosso cotidiano e em pouco tempo conseguiremos empreender o caminho. Então começarão a acontecer coisas boas e descobriremos que a felicidade afinal sempre esteve ao nosso alcance.
Deixaremos de ser estranhos no ninho e passaremos a fazer parte. Ao invés de observarmos de longe o desenrolar da partida, ou nos vermos como uma peça isolada do conjunto, finalmente saberemos que fazemos parte do todo e que por menos importantes que sejamos, somos importantes para a existência do todo, e também perderemos a presunção de que sejamos os controladores ou os controlados.
O mais importante, passará a poder afirmar e acreditar: Eu Sou o Que Sou e faço parte do Tudo Que É o Que É.
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