Hatha Yóga LII




Introdução

No capítulo precedente, abordamos algumas das conexões diretas existentes entre as práticas do Hatha Yóga e a consequente a natural possibilidade de desenvolvimento ou despertamento dos nove Tchakras estruturais. Descrevemos parte dos detalhes de cada um dos mesmos e também a correlação destes, com aspectos da Natureza, da Personalidade e do Comportamento das pessoas. É evidente que pelo fato do tema Tchakras ser de uma profundidade muito abrangente, só tratamos sobre alguns dos aspectos centrais. Sendo que em outros capítulos, voltaremos novamente a trazer a tona, novos resultados de pesquisas, de estudos ou mesmo relatados em textos clássicos específicos.

Ao longo de cada um dos capítulos anteriores, fomos passo a passo aprofundando a visão sobre o Hatha Yóga, sob os seus mais variados aspectos, desde os principais textos clássicos históricos sobre os mesmos, sobre os conteúdos do textos clássicos, sobre a grande abrangência da filosofia e da metodologia oferecida pelos mesmos, para se desenvolver as práticas corretamente. Mostramos também, como tais textos - desconhecidos no Ocidente - trazem uma ampla gama de informações fundamentadas aos praticantes, indo desde os princípios filosóficos das práticas, até mesmo o contexto das práticas, todavia, indo mais além, abordando o comportamento dos/as praticantes, a forma de vida, a saúde, a alimentação, os costumes e hábitos saudáveis.

Indo mais além ainda, neste capítulo atual, vamos abordar um dos principais Upanishads clássicos e que nos traz algumas referências védicas, que além de oferecer uma visão espiritual sobre a vida, o universo e a criação, também nos esclarece sobre muitas palavras e simbologias que são correlatas às práticas do Hatha Yóga, mas que raramente são citadas em publicações e mesmo quando são citadas, vem esparsas e isoladas do conjunto da sua origem, como aqui, serão apresentadas na integra deste Upanishad na sua versão matriarcal, muito antiga e quase que desconhecida, mesmo entre os estudiosos dos cânones védicos.

Desenvolvimento

O Dhyana Bindu Hupanishad - Uma tradução adaptada da sua versão matriarcal, quase perdida

OM é uma sílaba sagrada. Aquele/a que busca a libertação, concentra seus pensamentos sem demora na sílaba única AUM, imagem da Criação Suprema Brahamani.
No Rig Veda, a Ciência dos Versos primordiais, a palavra sagrada Bhur, simboliza a terra. A origem da Criação, Brahamani e o seu Grande Antepassado, surgiram da primeira letra, A, e se dissiparão em A.
No Yajur Veda, a Ciência dos Versos essenciais, a palavra Bhuva(r), simboliza o mundo celestial. A origem da Conservação, Durga e o seu grande esplendor, surgiram da segunda letra, OU, e se dissiparão em OU.
No Sama Veda, a Ciência dos Sons e do Espaço, apalavra SVAH, simboliza os mundos transcendentes. A origem da Transformação, Kali e a abóboda celeste, surgiram da terceira letra, M, e se dissiparão em M.
A, de cor amarela, representa Rajas, com tendência aos movimentos cósmicos circulares.
OU, de cor branca platinada, representa Satvas, com tendência à ascensão ou à iluminação.
M, ou de cor preta, representa Tamas, com tendência à descensão ou à dispersão da espiritualidade.
Aquele/a que ignora os oito elementos primordiais, as quatro etapas ou passos, os três estágios ou estados, as cinco deusas da sílaba original, ignorando a Ciência Sagrada dos Vedas, não poderá ser um/a iniciado/a e portanto, não poderá atingir a libertação suprema(ou iluminação sem semente karmica).

Esclarecimentos necessários sobre o Dhyana Bindu Upanishad

Os Upanishads são textos clássicos milenares, junto a outros, complementares e explicativos sobre os Vedas. Neste Upanishad específico, foram citados apenas três Vedas, mas na realidade os Vedas ao todo são quatro. Este Upanishad não fez referência ao Atharva Veda, mas às vezes, isto ocorre em textos clássicos.

Também, para facilitar a compreensão e o entendimento deste Upanishad, que contém termos e referências internas não explicitadas, vamos aqui, esclarecer do que se tratam os mesmos, já que se tratam de termos e referências pertencentes aos três Vedas nele informados.

São todos/as, representações de atributos ou simbologias, os oito elementos primordiais, as quatro etapas ou passos, os três estágios ou estados e as cinco deusas da sílaba original.

Os oito elementos primordiais são:

- A, a origem da Criação, Brahamani, a Senhora da Imensidão Cósmica.

- U, a origem da Preservação, Durga, a Senhora Onipresente.

- M, a origem da Transformação, Kali, a Senhora do Sono Profundo.

- Bindu, a origem do ponto limite, de encontro do Manifesto com o Não manifesto. O simbolo do som primordial.

- Nada, a origem de todas as coisas, a vibração da energia do Verbo primordial ou causal. Um símbolo semicircular de ressonância.

- Kala, a origem da divisibilidade, a relação da sílaba fundamental com o Espaço Tempo.

- Kala Atita, a origem da indivisibilidade, a relação ou aspecto causal da sílaba AUM, não diferenciada e una com o Princípio Divino.

- Tat Para, a origem além de tudo, a relação da sílaba sagrada AUM com o Princípio da Criação Suprema, Brahamani não Manifestada.

As quatro etapas ou passos, ou a conexão dos seres emanados em vida, com a Divina Origem da Criação:

1ª) Vishva, no ser vivente, a pessoa que é um microcosmos, representada pelo corpo causal. Tejas, o aspecto ígneo, representado pelo intelecto. Prajna, o aspecto consciente, representado pela faculdade cognitiva. Turiya, o aspecto não diferenciado, representado pelo estado no qual o ser se identifica com o Ser Universal.

2ª) Virat, a Imensidão, o ser cósmico que é o macrocosmo. Aqui, a imensidão configura-se como o corpo do universo cósmico. Sutra, o aspecto de Traço de Conexão, que contém o conhecimento universal. Bija, representada pela semente ou Consciência Universal. Turiya, o estado não diferenciado que permite a identificação do ser individual com o Ser Universal.

3ª) O Ser Causal, com o qual, tanto o ser individual quanto o Ser Universal mantêm um vínculo de relação idêntica. Atri/Otri, a teia ou a urdidura de Causalidade Física, representada pela visão de que a Origem Divina da Criação, está em tuo e em todos os lugares, como Akasha ou Éter no universo. Anujnatri, a Sábia, a Causalidade consciencial, representada pela visão de que a causa só existe em função da Origem Divina da Criação, e que é absorvida e reabsorvida pela mesma. Da mesma forma que o Universo pelo fogo da transformação final. Anujna, a Causalidade consciente, representada pela visão de que a Causa realmente não existe, mas só a Divina Origem da Criação. E assim, a Causa deixa de existir diante da Divina Origem da Criação, como a escuridão frente à luz.

4ª) Eka Rasa Vikalpa, a unificação da percepção, que corresponde à noção de que nada existe anão ser a Divina Origem da Criação. Desta forma, o Ser Primordial, o espirito - não é objeto nem de pensamentos e nem de palavras, pois não comporta qualquer tipo de desconhecimento ou dúvidas.

Os três estados ou estágios, que na realidade são cinco, no contexto original:

- a) Os três estados, de sonho, de vigília e de sono profundo.

- b) Os três corpos, físico, sutil e causal.

- c) As três qualidades fundamentais, Satvas, Rajas e Tamas.

- d) Os três poderes, de conhecer, de querer e de agir.

- e) Os três mementos do tempo, presente, passado e futuro. Memento, pois os três são um só.

As cinco Deusas da sílaba original:

- 1ª) Brahamani, a origem da criação.

- 2ª) Durga, a origem da conservação.

- 3ª) Kali, a origem da transformação.

- 4ª) Rudrani, a origem da destruição.

- 5ª) Ishvari, a origem da governança.


Pré-conclusão

Observemos pela leitura e análise do conteúdo exposto, que em se tratando de textos clássicos, via de regra, pelos mesmos serem muito antigos, entre cinco mil anos ou mais, tais textos são extremamente elaborados e sofisticados, e que por isso, via de regra, necessitam ser destrinchados e esclarecidos com muita atenção. O que demanda pesquisa, paciência, busca por referências sólidas, de preferência em textos ou livros também clássicos. A internet, raramente traz conteúdos sérios ou sólidos sobre tais textos. E a redes sociais são repletas de equívocos ou de bobagens, por falta de pesquisa e de conhecimento sobre tais clássicos. E quando se trata de abordagem sobre textos matriarcais, o material de pesquisa é mais raro ainda, pois muitos textos deste tipo foram perdidos com o passar dos milênios. Mas quando localizados, mostram um conhecimento profundo e preciosos, transformador e transcendente.


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