Os pesadelos são comuns na infância e têm seu pico durante o período entre três e cinco anos.  Eles podem ser tornar tão intensos que são incluídos no DSM (Manual Diagnóstico e Estático de Transtornos Mentais) como um transtorno do sono, chamados de terror noturno.


Pode ser caracterizado um episódio de terror noturno a criança que acorda gritando, gesticulando e chorando. Ela se agita pedindo ajuda aos pais na tentativa de se livrar das fantasias que o atacam, explica a psicóloga Maria Cristina Capobianco.
Segundo o DSM.IV, a característica essencial do Transtorno de Terror Noturno é a ocorrência repetida de terror durante o sono, representada por um despertar repentino, geralmente começando com um grito de pânico. Geralmente o terror noturno inicia durante a primeira terça parte do principal episódio de sono e dura cerca de 1 a 10 minutos. Os episódios são acompanhados por excitação e manifestações comportamentais de intenso medo. Durante um episódio, é difícil despertar ou confortar o indivíduo mas, se a pessoa é despertada após o episódio de terror noturno, nenhum sonho é recordado, ou então existem apenas imagens fragmentadas e isoladas.


“Em crianças expostas a situações violentas, perdas de pessoas significativas, abuso sexual, acidentes, pode ocorrer uma intensificação destes pesadelos como um sinal ou sintoma que algo dessa experiência foi traumático e precisa ser melhor processado, são uma forma de lidar com as situações angustiantes, com as mudanças e transformações na vida”, afirma a psicóloga Maria Cristina Capobianco.
O terror noturno não é necessariamente um sinal de patologia e pode ocorrer por diversos motivos, como uma forma de reagir a: uma mudança de escola, a separação dos pais, à perda de um bicho de estimação, a conflitos com irmãos, as dores do crescimento, entre outros fatores, afirma à psicóloga.


 “Os sonhos e os pesadelos a pesar de trazer sofrimento e angustia, trazem informações preciosas daquilo que está perturbando a criança, às vezes o terror que permanece depois de uma noite de pesadelo pode acentuar na criança sentimentos de insegurança e perda da autoconfiança durante vários dias seguidos. Elas podem adquirir insônia, agravar o medo do escuro, de dormir e sonhar”, ressalta a psicóloga.


Há varias formas de ajudar a criança a restaurar sua capacidade de dormir e perder sua fobia de sonhar se resgatamos e aproveitamos o potencial terapêutico que os sonhos carregam dissolvendo o feitiço deixado pelo sonho. O sonho traz através da simbologia uma luz que aponta para aquilo que no dia a dia está afligindo a criança e ela não pode expressar. Não é necessário que a criança viva sozinha o peso da lembrança deixada por um fantasma sem forma ou o pânico de ser engolida pelo lobo com caninos afiados.


Se os pais estão dispostos a ouvir estes relatos sem apavorar-se ou sem desvalorizá-los, estarão escutando o inconsciente da criança que traz algum apelo de ajuda. Para ajudar a criança a lidar com estes pesadelos, os pais podem utilizar recursos como a representação de papeis, como se fossem os personagens de uma história. A criança pode ser o monstro, os pais outra figura, e podem inventar um novo desenlace para a trama. Devolver a criança seus poderes mágicos para lutar contra estes bichos assustadores e ajudá-la a encontrar meios criativos para vencê-los. “A tarefa dos pais é a de reassegurar a criança e estimulá-la a explorar seus próprios recursos criativos para enfrentar os dilemas, desta forma reforçarão sua habilidade para brincar com as imagens”, orienta Capobianco.


Em alguns casos, quando as tentativas dos pais de reassegurar a criança não dão certo, a participação de um psicólogo é interessante, pois pode impedir que a criança se sinta ameaçada e fragilizada pelos conflitos desta fase. Os sonhos e pesadelos também podem apontar para dificuldades na dinâmica familiar.


Os estudos demonstram que quando as crianças crescem, os pesadelos perdem sua intensidade e sua freqüência na medida em que elas passam a dominar seus medos. Em momentos de estresse ou de crise familiar os pesadelos podem se tornar mais freqüentes como meio de avisar que sua ansiedade está transbordando e que se sentem pouco seguros. Não é necessário que os pais interpretem os sonhos, ouvi-los, demonstrar empatia, ficar juntos e abraçá-los já são passos terapêuticos fundamentais, afirma à psicóloga.

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