A lei não exige mais prazo para se casar de novo,
mas a biologia recomenda "dar um tempo"

 

Com a nova lei do divórcio direto, a separação entre casais é mais rápida. Tão logo o casal opte pelo divórcio, ele pode ser imediato. Não há mais um prazo a se cumprir, o que possibilita agilizar um novo casamento.     

Entretanto, será que terminar um casamento e “engatar” um novo, tão rapidamente, é uma forma acertada de vivenciar os relacionamentos? Será que não devemos antes de entrar no próximo relacionamento “dar um tempo” para que nosso cérebro “processe” o turbilhão de hormônios e substâncias presentes no fim e início de um relacionamento amoroso?    

Antes de tudo vale a pena refletir sobre algumas informações que a “neurobiologia do amor” tem a oferecer, até o momento, em relação à paixão e ao rompimento amoroso. Explicação biológica     


Quem já passou por uma rejeição ou por um rompimento da relação amorosa sabe muito bem descrever o que sentiu no fundo de seu coração despedaçado. Esta brutal energia negativa é o revés da conquista romântica. É gerada quando o amor não é correspondido ou quando ele morreu como a vela que já foi bonita acesa, mas hoje é apenas um pedaço de cera. Essa transformação provoca uma profunda perturbação psicológica e biológica em nosso corpo, caracteriza­da por ser um dos eventos mais estressantes na vida. Aliás, estresse, amor e ódio -mistura explosiva frequente no fim de um casamento – podem ter componentes químicos e cerebrais muito semelhantes...

A paixão ou amor romântico é a fase inicial do amor e, frequentemente, vem acompanhada de desejo sexual e atração física. É incontrolável e involuntária. As pesquisas indicam que a paixão é um estado fisiológico temporário (com duração média de 2 anos) resultado da ação de várias substâncias, hormônios, além de áreas cerebrais ativadas, como o sistema límbico, a nossa “central das emoções”, e algumas áreas com ação reduzida, como partes do córtex frontal (responsável pelo julgamento crítico e a racionalidade em relação ao parceiro escolhido). Por sinal, a focalização nas qual idades e omissão dos defeitos é característica da paixão.
     
Do ponto de vista químico, a paixão, etapa inicial do amor, é muito semelhante ao vício. Uma das regiões cerebrais intensamente estimuladas em ambas as situações é o Centro do Prazer e Recompensa situada bem na área central do cérebro, onde está o sistema límbico. E, uma das principais substâncias liberadas é a dopamina que “provoca” sensações típicas da paixão: prazer, euforia, energia aumentada e bem-estar.
Pesquisas têm mostrado que nas pessoas que sofrem o rompimento amoroso (e, provavelmente, naquelas que não desejam a separação), as áreas cerebrais ativas são as mesmas daquelas pessoas que estão apaixonadas. Ou seja, mesmo depois da ruptura do relacionamento, a pessoa continua tão ou mais apaixonada. Com seu cérebro repleto de dopamina, endorfinas e oxitocina...
      
Uma das explicações evolutivas dos estudiosos é de que como o objetivo primordial da natureza é manter, ao menos por um tempo, o casal junto através de uma ligação intensa e íntima (a paixão) com o objetivo da geração de filhotes, o período logo após à ruptura ainda sustenta (ou até, muitas vezes exacerba) a intensa ativação do centro do prazer. Isto provoca tentativas de reconquista com o intuito de buscar aquela potente e “única” fonte de prazer, que é o (ex) escolhido amado. Infelizmente, essa busca um tanto desesperada pelo “objeto do prazer” traz inicialmente dor, angústia, tristeza e, muitas vezes, até raiva, ódio e depressão.


Essas intensas alterações biológicas e psicológicas, pelas quais as pessoas envolvidas numa separação vivenciam, transcorrem por um período que pode ser muito variável. Mas os estudiosos admitem que se deva “respeitar” o tempo necessário para que a pessoa possa aprender a lidar com as perdas envolvidas numa separação.
     
Finalizar um casamento e já entrar de imediato em outro compromisso sério pode gerar uma “sobrecarga psicobiológica” confusa e perigosa. Pois, ao iniciar um novo relacionamento, a paixão entra em cena novamente. O cérebro nos engana, outra vez, e cria uma percepção irreal do outro, em que defeitos não existem, o medo do desconhecido é drasticamente reduzido e, os critérios de avaliação racional do parceiro estão muito diminuídos. Daí, a possibilidade dos apaixonados em cometer erros - tais como, morar junto precocemente, comprar um imóvel juntos, emprestar dinheiro para o parceiro, ou até engravidar sem planejamento - é muito grande.
     
Portanto, “dar um tempo” pode nos oferecer aprendizado, sabedoria e a oportunidade de realizar uma autoavaliação crítica e sincera antes de “mergulhar de cabeça” num próximo relacionamento amoroso.
A lei pode ter mudado, mas a fisiologia que rege o ser humano continua a mesma.

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