Embora possa afetar as pessoas em qualquer fase da vida, estudos indicam que a depressão é altamente prevalente nas fases tardias, tanto no Brasil, como no mundo. Segundo pesquisa publicada na Revista Brasileira de Psiquiatria (realizada pelo Departamento de Psicologia Médica da Universidade de Sidney), cerca de 10% da população mundial de idosos apresenta quadros depressivos que necessitam de tratamento, o dobro da prevalência na população em geral. Muitos médicos, porém, têm dificuldade em reconhecer a depressão nos idosos, pois geralmente a doença está associada a algum problema físico, doença ou incapacitação. O psiquiatra Dr. André Luiz Iório alerta: “A depressão pode agravar doenças já existentes e até aumentar o risco de morte entre os pacientes idosos. A família, portanto, tem o papel fundamental de incentivar a busca por tratamento quando notar alguns dos sintomas clássicos, como falta de disposição e tristeza”.
Solidão, convívio com doenças crônicas, dependência financeira, perdas de pessoas próximas, falta de atividade e decadência material são alguns dos motivos que tornam a população idosa vulnerável ao aparecimento da depressão. O Dr. Iório explica que mesmo as formas brandas de depressão podem prejudicar sensivelmente a qualidade de vida do paciente idoso. “O estado do humor do paciente é de extrema importância para o sucesso do tratamento de doenças crônicas e na recuperação de uma cirurgia, por exemplo. Mas é essencial para que se leve uma vida normal, convivendo bem consigo mesmo e com outras pessoas”, afirma.
Como nos adultos mais jovens, a doença também pode ocasionar a diminuição do apetite, perda de peso, dificuldades com concentração e memória, declínio da auto-estima e pensamentos recorrentes de doença e morte. O médico enfatiza que, “sendo leve ou grave, nunca se deve deixar de procurar um tratamento ou melhoria do quadro de depressão. Também não é correto atribuir a depressão, sentimento de tristeza e perda de entusiasmo à idade. É preciso reconhecer que a depressão está presente nos idosos e tratá-la”.
O Dr. Orestes Vicente Forlenza, médico psiquiatra do Laboratório de Neurociências do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São Paulo, explica que na maioria das vezes o tratamento requer o uso de antidepressivos, mas a escolha do medicamento deve ser cuidadosa, pois os idosos são mais vulneráveis aos seus efeitos colaterais. “Por serem muitas vezes polimedicados, apresentarem doenças concomitantes e terem alterações no metabolismo dos remédios por causas da idade, pacientes idosos toleram menos os efeitos adversos dos antidepressivos, principalmente os tricíclicos, (uma classe mais antiga de antidepressivo), o que pode levar ao abandono do tratamento”, afirma.
Por esta razão, segundo o médico, o tratamento da depressão em pacientes com idade avançada requer medicação específica, que seja segura e eficaz. “É importante que a medicação tenha um índice de toxicidade baixo, ou seja, que não altere o metabolismo de outras drogas, já que muitas pessoas idosas são polimedicadas. Outra característica que deve ser levada em conta é se o antidepressivo influi na saúde cardiovascular do paciente. Sabemos que existem antidepressivos que geram arritmias cardíacas, podendo assim agravar um problema já existente”.

A terceira idade no Brasil

A população brasileira está envelhecendo. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2020 os idosos significarão 11% da população, o que em números absolutos representarão 25 milhões de pessoas (num universo populacional previsto de 219 milhões de habitantes). Hoje, no Brasil, pessoas com mais de 60 anos são 9% da população (ou 16 milhões de pessoas). Além disso, a expectativa de vida da população também cresceu. Os homens vivem em média até os 68 anos e as mulheres, 73. Segundo o psiquiatra do Hospital das Clínicas, Dr. Orestes Forlenza, “com o envelhecimento da população, aumenta a incidência de doenças próprias da idade, como as doenças cardiovasculares, osteoporose, depressão etc, comprometendo sensivelmente a qualidade de vida dessas pessoas, caso não sejam tratadas de forma adequada”.

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