O Karma (do sânscrito: ação) faz parte do mundo de Maya (do sânscrito: ilusão), é a ferramenta responsável pela interação do Ego com o mundo ilusório e com os outros Egos integrantes deste mundo através da lei de ação e reação. As interações complexas desta lei trazem a sensação de possibilidade de escolha individual (livre arbítrio), pois qualquer ação resulta em uma reação que muitas vezes pode dar um aspecto diferente à vida e ao caminho individual.

Na verdade esta liberdade de escolha é relativa e talvez em um âmbito mais profundo inexistente. Enquanto a existência se restringe a Maya seu nível de escolha é restrito a Samsara, o ciclo de vida, morte e renascimento. A verdadeira liberdade apenas se dá no rompimento deste ciclo ao sair totalmente do ilusório.

Resta apenas uma escolha real: sair de Maya. Mas esta decisão você já tomou através de sua essência divina, antes de reencarnar. Assim como escolheu qual seria o melhor caminho a ser seguido para se aproximar cada vez mais do rompimento com o ciclo de Samsara, caminho este que chamamos de Dharma e que representa o resultado real do nosso livre arbítrio.

Imagine que prestes a reencarnar o seu Atman (essência divina) decide que: para que você evolua o máximo, aprenda o máximo e alivie ao máximo seu passado kármico com o mínimo de sofrimento o melhor caminho seja passar a vida descendo um rio. Em Maya tem-se o “livre arbítrio” de quem pode decidir se desce o rio de barco ou nadando. Você pode praticar autoconhecimento, praticar Yoga ou outra filosofia, praticar uma religião, perceber e aceitar seu Dharma seguindo assim uma vida dentro de um barco de contentamento, satisfação e aprendizado sem sofrimento. Ou você pode teimar como uma criança rebelde e ir nadando e descendo o rio, afastando-se um pouco de seu Dharma e sofrendo um pouco. Pode rebelar-se mais e ir rastejando pelas margens do rio, na lama, e sofrer um pouco mais. Pode ainda passar a vida teimando e tentando subir o rio, querendo fazer o caminho inverso ao Dharma, e ganhar com isso uma vida plena de insatisfação e sofrimento sem fim.

É a necessidade divina que nos impulsiona a descer o rio. É a busca pela felicidade suprema (de nossa essência humana pura) que está no inconsciente de todos e que a grande maioria das pessoas conscientemente não sabe o que é confundindo com a busca incessante da felicidade mundana e passageira (de nosso Ego).

Sempre que seu Ego, com seus filhos inseparáveis: Desejo e Medo, decidirem pelas ações que levam para longe do seu caminho, você é levado às interações densas com os outros Egos e gera Karmas cada vez mais intensos que vão acorrentar ainda mais você ao mundo ilusório de Maya. As interações geradas pela lei de ação e reação trazem realismo às experiências que, quanto mais densas, mais reais parecem e mais propícias ao apego são. Sutilizar o Karma por si só não leva ninguém à iluminação, pois para chegar lá será necessário transcender tudo em Maya inclusive seu Karma seja ele qual for, com a certeza de que até lá ele sempre existirá. Esta sutilização ajuda no desapego que por sua vez é ferramenta importante para a expansão da consciência. Note que esta nova consciência levará à eliminação de todas as dualidades, que são a base estrutural de Maya e Karma.

Para poder desfrutar de um Livre Arbítrio real saia do mundo irreal, rompa com Samsara, saia de Maya.

Para tanto entenda e aceite seu Caminho Divino, Dharma, não permita ser conduzido como uma marionete pelo seu Ego.