Moxabustão – A Arte do Fogo - 6 ª parte



A Moxabustão, como venho apresentando aos leitores nos últimos meses, é uma modalidade terapêutica tradicional dentro conceitos e práticas da Medicina Chinesa, que se utiliza da queima de materiais específicos, destacadamente a queima da planta Artemísia, o que gera aquecimento e produção de fumaça.

A Dra. Lorraine Wilcox, que é atualmente uma referência ocidental na difusão do ensino e práticas da moxabustão, recorda que a inalação de qualquer tipo de fumaça, incluindo a fumaça gerada pela queima da moxabustão, não é das atitudes mais saudáveis, pelo contrário poderia ser considerado prejudicial à saúde principalmente quando consideradas grandes quantidades.

Pessoalmente defendo que é importante que locais onde se apliquem métodos de moxabustão com frequência ou em grandes quantidades tenham um sistema próprio de exaustão para que o excesso da fumaça gerada pela queima da Moxabustão, possa sair. Antes mesmo do sistema de exaustão é essencial que o ambiente tenha uma ventilação adequada, evitando eventuais acúmulos de fumaça.

Alguns profissionais, dentre os quais me incluo, recomendam que os praticantes ao empregarem os bastões de moxa devam retirar o papel colorido que recobre a última camada do bastão. Esta última camada que normalmente é bem colorida, apresenta resíduos de tinta, o que poderia ser considerado como um dos fatores irritativos quando da queima do bastão.

Em um artigo publicado em 2010 o Dr. Zhao Bai Xiao, da Universidade de Medicina Chinesa de Beijing e um dos grandes nomes da atualidade na pesquisa em relação à moxabustão, já indicava que a aplicação da moxabustão, em sua totalidade, pode ser considerada como segura, tendo demonstrado esta segurança mediante uma revisão de documentos históricos, pessoais e pesquisas clínicas.

No ano de 2013 foi desenvolvido um estudo com seres humanos expostos a fumaça de moxa onde foi demonstrado que uma exposição de rotina clínica de 25 minutos, duas vezes por semana, não apresentou qualquer efeito adverso sobre a VFC (variabilidade da frequência cardíaca) e os dados sugerem que a exposição a curto prazo à fumaça de moxa pode ainda apresentar efeitos regulatórios positivos sobre as funções autônomas em humanos.

Diferentes autores e pesquisadores, apontam em estudos mais recentes publicados na China a respeito da fumaça da Moxabustão, indicam que ela não deve ser considerada como uma grande vilã, muito menos como grande justificativa para a não utilização deste importante recurso terapêutico nas clínicas ocidentais.

Gostaria de registrar que em alguns casos a fumaça da moxa é empregada também terapeuticamente, normalmente mediante a combinação da artemísia, matéria principal da moxabustão, com outras substâncias da Fitoterapia Chinesa.

De acordo com a Dra. Lorraine Wilcox, Zhang Jie Bin menciona duas variações onde a aplicação da fumaça poderia ser empregada para o tratamento direto de alterações do Pulmão; ela ainda menciona que atualmente esta prática seria vista com muito receio por parte dos pacientes que tendem a considerar qualquer fumaça como um fator tóxico.

Na China é possível encontrar diferentes instrumentos e equipamentos para a aplicação de moxabustão, incluindo a aplicação de fumaça de moxa, na região anal e genital inferior.

Em alguns casos são cadeiras, em outros são bancos ou ainda simples suportes que o paciente pode apoiar para a aplicação da moxabustão. Estes instrumentos são conhecidos como Instrumento para Moxabustão Sentada.

Finalizando, gostaria de registrar que a fumaça oriunda da prática da Moxabustão não deveria ser encarada como um limitador para a sua aplicação clínica, sendo na verdade parte do tratamento em algumas formas de aplicação.

Cabe ao bom profissional da acupuntura e moxabustão, conhecer as características dos materiais e recursos que está aplicando em seus pacientes, para que possa extrair o máximo de benefícios com o mínimo de possibilidades de efeitos secundários indesejados, sempre prezando por materiais de boa qualidade e com procedência conhecida.

Ps.: Parte deste material vem diretamente do livro do autor.


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