(As 5 Transformações do Qi)


    A referência das 5 Transformações parece ter sido documentada pela primeira vez pelo sábio chinês Chou Yen (350-270 a.C.). O termo chinês sobre os 5 Elementos são, na realidade, ciclos energéticos intrínsecos ao próprio Qi e não deveriam ser analisados como sendo elementos isolados um do outro (como talvez ocorre na visão mística ocidental atual dos 4 Elementos, de origem grega). Compreender como o Wu Xing flui, seja no corpo, na casa ou no próprio cosmos era, pela visão dos mestres orientais, desvendar a linguagem da Natureza.


    É preciso esclarecer que, na realidade, os 5 Elementos não estão ligados, pelo menos diretamente, ao seu correspondente físico. Na visão chinesa, o Fogo, por exemplo, não se refere ao componente ígneo de fato (embora este último possa representar essa energia em alguns momentos). Os chineses pensaram no equivalente físico dos elementos como exemplos ou consequências arquetípicas de uma interpretação base, mas não como as energias em si. A palavra Xing (ou Hsing) não tem paralelo nas línguas ocidentais; e tradução formal (elemento) não é apropriada (semanticamente, a versão mais correta seria transformação, fase ou ciclo do Qi). Então, mesmo usando a palavra elemento, é importante frisar que se trata de um aspecto mutável da Energia Vital e não de uma pilha de madeira, um balde com água, uma pedra ou o fogo de uma vela. Em resumo, entende-se, na China, que o Wu Xing são tipos de energia (ou interpretações destes) que interagem na formação do universo; é o que mantêm o mundo “estável”, propiciando equilíbrio dinâmico a um sistema.

    Uma constatação interessante levantada pelo pesquisador inglês Derek Walters foi que, ancestralmente, mais um elemento (Grão) era citado nos manuais sagrados. Provavelmente, esse “sexto Xing” se referia resultante de algum processo do Wu Xing clássico ou até mesmo como um “coringa”, um Xing que simbolizava o aspecto “cocriador” contido em cada um dos demais elementos. Ou talvez representasse a interferência do olhar do observador que influencia na construção do que chamamos de Realidade?


Uma visão consciencial sobre o Wu Xing

    Nos artigos iniciais de 2016, tentou-se desmistificar a ideia geralmente comum nas comunidades místicas de que o Qi seria uma Energia Cósmica Pura (o que não parece ser). Em outras palavras, abordou-se a temática do Qi como este sendo, na verdade, uma Energia Metabolizada Neutra, resultado da interação entre as Consciências Maduras (planetas, estrelas, centros de galáxias, etc.) com a tal Energia Cósmica Primordial (que molda o tecido da realidade como conhecemos). Pode-se considerar assim, que absorvemos um Qi Cósmico-Terrestre, resultado de um “sentir universal” (sobretudo oriundo do Sol, na nossa referência perceptiva – Tian Qi na perspectiva chinesa) mas com a “assinatura energética” da Superconsciência Terra (Di Qi).

    Nesse sentido, o que seriam os 5 Ciclos do Qi? Provavelmente, o resultado da interação entre a Energia Metabolizada e o nosso filtro emocional, uma tentativa de descrição empírico-cognitiva de uma energia mais ordenada e neutra, traduzida como linguagem humana do que seria o mundo e o seu funcionamento, pelo limite do paradigma pessoal, no caso o físico. Sob esse ponto de vista, o Qi não seria um tipo de energia da natureza, mas sim o resultado do nosso olhar sobre a vida em si, a partir dos julgamentos, certezas e verdades estabelecidas pelo filtro da percepção. A natureza seria o “espelho” neutro do processo, que estabelece os parâmetros do que escolhemos / conseguimos enxergar de nós mesmos e do externo. A virtude dos chineses foi fundamentar uma linguagem dinâmico-poética sobre a constituição do que poderia ser a Realidade, uma metodologia profunda e ao mesmo tempo singela sobre o viver, tendo a natureza como ferramental arquetípico e referencial sobre o ritmo das transformações.

    O Wu Xing, portanto, seria uma linguagem construída para se tentar entender os resultados das ações nos processos de juízos de valor que fazemos ao tentarmos nos conhecer, filtrando e fragmentando emocionalmente uma energia neutra repleta em sentimento (portanto, gerando caos e potencial de realização – que se traduz em experimentação e aprendizado). Dessa forma, mesmo havendo referenciais práticos necessários nas dinâmicas do Feng Shui Tradicional e da Cosmologia, recomenda-se estimular, desde já, um novo olhar sobre o Wu Xing, como sendo um potencial de transformação e linguagem interna, não meramente uma força externa que te condiciona ou em que você é apenas um resultante.



Novos Tempos e Sutilização
Uma mudança estrutural no Wu Xing



    Como Novos Tempos entenda-se Nova Realidade. E como realidade entenda-se algo além de uma condição econômica, ecológica ou tecnológica do mundo. Novos Tempos (ou Nova Realidade) levanta a hipótese de uma profunda alteração da condição física do planeta, bem como dos seus agregados (ou seja, incluindo toda a espécie humana) nas últimas décadas, mas, sobretudo, a partir de 2012. Essa mudança estrutural se refere à maneira diferente como a matéria vem se estabilizando enquanto relação onda-partícula, sendo que essa modificação global vem influenciando muito na interação espírito-corpo (por conseguinte, na vida em si), bem como modificando a forma com que algumas técnicas (incluindo a Cosmologia) se expressam enquanto canal de atuação e eficiência.

Impactos em Macro e Microescala

    Parte-se do pressuposto de que o resultado do que conhecemos (ou conhecíamos) como equilíbrio dinâmico dos aspectos físico-energéticos se baseia numa interação de relações complexas provenientes não somente do planeta, o que denominamos de Natureza (Di Qi) e de nós mesmos (Ren Qi), como também das inter-relações gravitacionais da Terra com o sistema solar, as estrelas da nossa e de outras galáxias os e buracos negros, próximos e distantes (Tian Qi). Sobre esse aspecto, uma modificação nesses eixos de estabilidade cósmica poderia gerar um efeito que modificaria, em tese, o funcionamento do que se conhece como realidade física. E parece que foi isso que aconteceu.

    Como processo, naturalmente tal condição vem num crescente secular, no que se pode denominar de sutilização da matéria. Nos anos recentes, os choques energéticos vinham sendo cada vez mais constantes e menos espaçados do que nas últimas décadas, sendo que alguns deles tiveram grande intensidade e impacto nos últimos anos. Assim, sutilização refere-se ao processo que culmina na diminuição da “densidade material”, fazendo que a mesma se torne, como o próprio termo mostra, mais sutil, menos estável e muito mais influenciável pela comunicação proveniente do intercâmbio energético-espiritual. Em suma, estamos mais sensíveis, percebendo mais as instabilidades emocionais que antes eram passiveis de serem mascaradas razoavelmente e explicitando no cotidiano as incertezas da própria existência, acelerando o que os físicos teóricos provavelmente chamariam de colapso das probabilidades da função de onda quântica e, por conseguinte, estimulando, sobretudo, as somatizações desses potenciais reativos e caóticos no processo biológico da vida. Sob esse ponto de vista, podemos dizer que estamos cada vez mais responsáveis pelas consequências das nossas escolhas e pela manutenção da energia pessoal a partir de agora, o que nos torna, em parte, cocriadores na reflexão das posturas mais intrínsecas que reverberam no Ser.

Flutuações, adaptação e constante transformação

    Se antes, poderíamos dizer que o Wu Xing dinamicamente se equilibrava, nos Novos Tempos as mudanças globais geraram um novo tipo de relação cognitiva, sendo que não há garantias (pelo menos até esse momento) que os elementos voltem a se responder enquanto linguagem da descrição da realidade como se conhecia. O período, portanto, é de transição estrutural, sendo que os 5 Ciclos do Qi deveriam ser revisados constantemente, não apenas enquanto teoria estática, mas como referencial de mudança interna pessoal.

Pré-Mudança (visão estática padrão):

imagem 2


Pós-Mudança (questão reflexiva em aberto):

    Traduzir tais mudanças em linguagem pelo Wu Xing, pode-se dizer que a sutilização da matéria e seus impactos se referem à perda das garantias, da segurança, base e certezas que o elemento Terra sugere (portanto, uma fragilização estrutural da mesma). Por outro lado, a hipersensibilização energético-espiritual seria uma ampliação gutural dos aspectos de Água, o que denotaria (a perda da Terra e o aumento da Água) numa modificação total também dos outros elementos, pelo fator cíclico envolvido e efeito cascata. Assim, numa perspectiva emocional de reconhecimento, alguns aspectos de mudança poderiam ser notados, tais como:

Imagem 3


    Como tópico de reflexão, sugerem-se algumas indagações sobre os impactos das modificações globais dos elementos Terra e Água na sistemática do Wu Xing. Assim:

Imagem 4

    Tendo em vista que este autor defende a ideia de um pressuposto humano enquanto tentativa de leitura do mundo (Ren Qi) para o surgimento do Wu Xing (e não algo da Natureza propriamente dita), fica a seguinte questão: “Se algo cósmico gerou tamanha modificação na sistêmica de vida (os Novos Tempos), como o homem está lidando em reconstruir e readaptar uma linguagem que reflete, em si, ele mesmo, cocriador de tantas angústias, frustrações, mas também de possibilidades de esperançar, de devir e de novas escolhas?”. Ou seria esse um questionamento humano, demasiadamente humano?

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