A Astrologia está numa boa fase. Muita gente passou a se interessar novamente por ela e a falar a respeito. Porém, muito do que se fala, especialmente nas redes sociais, é bastante superficial e muitas vezes até inconsistente. Muitos acabam ficando confusos sobre o que deve ou não ser levado a sério ou sobre em quem confiar quanto ao conhecimento correto. Por isso também muita gente tem perguntado sobre a formação do astrólogo, já que muitos acham, ainda hoje em dia, que Astrologia é algo simples ou, ainda, algo que exige um dom. Por isso acho superimportante falar sobre a formação.

Astrologia é uma técnica, uma área do conhecimento. Muito antiga, aliás. Por muito tempo, foi considerada uma ciência. Há séculos atrás, estava intimamente ligada à Astronomia e outras áreas do conhecimento, como Matemática e Medicina. Por sinal, a própria Astronomia nasce da Astrologia, pela necessidade dos astrólogos de antigamente precisarem calcular os movimentos celestes para serem ainda mais precisos em suas previsões astrológicas. Por isso, desde então, Astrologia exige estudo e muita prática. Existe formação, que é bem longa e profunda.

No Brasil, podemos encontrar escolas de Astrologia e muitos astrólogos que são professores independentes, que transmitem seu conhecimento e formam pessoas nessa área do saber. Uma formação básica inclui a apresentação do alfabeto astrológico: signos, planetas, casas, etc, no que chamamos de módulo básico. Em seguida, o aluno aprende a combinar todo esse alfabeto, compreendendo o significado de cada combinação: planetas nos signos, planetas nas casas, signos nas casas, o regente dos signos e das casas, aspectos (ou ângulos) que se formam e tantas outras coisas. Só essa parte leva um bom tempo, provavelmente alguns anos. Em seguida, costuma-se ensinar previsões e são muitas as técnicas existentes. Entre as mais comuns estão as progressões secundárias, os trânsitos, a revolução solar e as lunações e eclipses. Finalizada essa etapa, em geral o aluno está apto a começar a praticar Astrologia. Parte fundamental, aliás, já que Astrologia sem prática não faz qualquer sentido.

Aprendemos de fato quando começamos a colocar toda teoria em prática e seguimos aprendendo a vida inteira, já que nunca veremos dois mapas iguais e por isso a cada mapa calculado e interpretado estamos aprendendo um pouco mais. Mas a formação, de fato, não para por aqui. Isso porque existem diversas linhas astrológicas e muitas áreas de especialização. Entre elas, as mais comuns são a sinastria (astrologia de relacionamento), vocacional (voltada a trabalho e escolha ou redirecionamento de carreira), infantil (mapa astrológico de bebê e crianças, com todas suas especificidades) e outras. Podemos, por exemplo, fazer mapas com foco em fertilidade e gestação, mapas para empresas, etc. Há, ainda, a Astrologia Mundial, mais voltada ao coletivo, com análise dos ciclos sociais, culturais, econômicos e políticos, que também são de grande valia na compreensão da vida e de cada ser humano. E esses são apenas alguns exemplos de tantas variáveis que encontramos na Astrologia. Claro que existe a possibilidade de se formar como autodidata, especialmente hoje em dia com tanto material, como livros e sites à disposição. Porém, como uma área do conhecimento que visa a compreensão da vida e do ser humano, a troca de experiências também é fundamental para que o conhecimento seja de fato bem assimilado, já que livros em geral são baseados em teoria e nada substitui a experiência de quem já pratica e conhece aquilo mais a fundo.

Eu mesma fui autodidata de início. Estudava porque gostava e porque a cada ano, quando fazia meu mapa astrológico do ano, pedia para a  astróloga livros que me ajudassem a compreender tudo aquilo ainda melhor. Depois, caí de paraquedas num curso que eu nem imaginava que era o início de uma longa formação. Fui para aprender um pouco mais os conceitos básicos e acabei dando sequência e fazendo toda a formação (na GAIA-Escola de Astrologia, uma das mais tradicionais de São Paulo). Depois disso, ainda fui fazer outras formações e especializações, especialmente quando me dei conta que a Astrologia se transformaria no meu trabalho (até então, eu era advogada). Então fiz formações com astrólogos independentes e diversos cursos de especialização em escolas, associações e também com professores-astrólogos, colegas. Também fiz supervisão por muito tempo. Supervisão é bacana porque permite a troca entre astrólogos sobre casos reais. E continuo estudando até hoje, porque Astrologia exige aprendizado infinito. Estamos sempre aprendendo e aprofundando mais, e são tantos pontos e linhas e assuntos e tantas coisas importantes que décadas de estudo dificilmente podem contemplar a todos.

E falar disso tudo é bem importante, já que hoje em dia vivemos uma cultura da velocidade, em que as pessoas procuram cursos bem curtos e rápidos e desejam sair por aí praticando como se fossem pessoas experientes mesmo sem ter feito ou terminado uma formação. As pessoas, hoje em dia, tem pressa pra tudo. Pedem cursos intensivos, querem saber se é possível ver o conteúdo de 5 anos em 3 meses e por aí vai. E justo por isso é importante também enfatizar que não é só questão de transmitir o conhecimento. O saber astrológico precisa ir sendo construído pouco a pouco, unido a outras áreas do conhecimento e muita pratica e experiencia de vida. Aliás, estudar outras áreas do conhecimento ajuda muito quem quer ser astrólogo, já que se a Astrologia se propõe a conhecer e orientar as pessoas, dependendo do assunto temos que ter também outros conhecimentos que dizem respeito àquilo. Por exemplo, quem quer fazer um mapa de criança, deve conhecer os ciclos comuns a todas crianças e à infância como um todo, assim como conhecimentos básicos de psicologia podem ajudar quem se propõe a trabalhar com astrologia psicológica e por aí vai. No coletivo, por exemplo, quem quer estudar os ciclos maiores deve ter noções pelo menos de história, economia e política e assim por diante.

Ser astrólogo, portanto, não é tarefa simples. E também não depende de um dom específico e muito menos de qualquer ligação com o espiritual, já que Astrologia não tem nada a ver com isso. Astrologia é pra quem gosta do assunto, quem gosta de pessoas (por sinal, quem pretende ser astrólogo precisa gostar muito de gente) e para quem também trabalha a si mesmo, pois é uma atividade que exige imparcialidade e ausência de julgamento. Aprendemos muito e uma das principais coisas é que cada um é único e tem suas razões para ser como é e fazer o que faz. Ser astrólogo exige estudo, prática e experiência e é um dos trabalhos mais recompensadores que conheço. Permite fazer diferença na vida das pessoas, ajudando-as a descobrir e potencializar seus recursos e potenciais e lidar melhor com cada desafio. Sou grata todos os dias por ter escolhido a Astrologia como profissão. E especialmente grata a todos meus mestres-professores, colegas, clientes e alunos, com quem aprendo um pouco ou muito mais todos os dias.

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