Será que esquecemos do número 7? Não. O problema é que as superstições e outras crendices em torno deste número são tantas e tão variadas, principalmente em termos de se é bom ou se é mau, que deixamos pra agora apesar de ter rapidamente mencionado a história do espelho partido no artigo anterior.

O número 7 é o caso típico do que seja uma superstição, como se origina e como se espalha e eterniza.

Por trás disso está a nossa tendência egocêntrica de andar na corda bamba usando para equilibrar uma vara de bambu. Se nos mantemos equilibrados, não estamos sendo afetados nem pelo azar que nos faria cair, nem pela sorte que nos faz conseguir nos manter. E lógico, se chegamos ao outro extremo da corda, foi a sorte não foi nossa habilidade.

Começando nos conceitos de sorte e azar encontramos a raiz do que seja a superstição. A superstição é o nosso medo do desconhecido, e por maior ou menor evento que simbolize, representa uma mudança, e nós somos resistentes a mudanças. A coisa já começa em casa... meu filho, estuda, porque a sorte não bafeja quem não está preparado. Toma esta santinha que vai te proteger...

Qualquer dicionário nos dará pelo menos quatro definições básicas do que seja a Superstição:

A) – pode ser um sentimento de veneração religiosa baseado no temor ou na ignorância e que leva ao medo de coisas ou situações fantásticas e até à realização de ritos de suposta neutralização dos efeitos negativos temidos (complicada esta definição não?);
B) – pressentimento ou presságio infundado mas não menos trágico ou dramático;
C) – crendice pura e simples;
D) – preconceito, fanatismo, oposição radical...

Praticamente todas estas definições conduzem à visão clara de que superstição é crença em situações com relação de causa e efeito sem processo empírico, racional, ou até lógico. Geralmente, ela remete à uma crença em alguma força sobrenatural de origem religiosa ou não, mas que seja onipotente e que por isso pode promover a suposta causalidade em nosso beneficio, quase que com exclusividade.

Os extremos do bambu das superstições são de um antagonismo exacerbado. Ou é ou não é...

De um lado, o número SETE é considerado o número quintessencial da Espiritualidade!!! Portanto, totalmente contrário à idéia de que um espelho partido lhe dê sete anos de azar...
Principalmente no caso de superstições em torno de números, estas possuem alguma conotação adicional e com certeza por isso uma ligação com alguma força sobrenatural. Já ouviu falar em tempo de vacas gordas e tempos de vacas magras? São ciclos de 7 anos que se alternam – o primeiro de coisas boas e seguido por um ruim ou o inverso. Se a vida está mal, calma que acaba este tempo de vacas magras e vai chegar o de vacas gordas. “Aí, se você tiver juízo, conseguirá reconstruir tudo nos sete anos bons que terá!”

Bom. E têm coisas como os gatos. Quantas vezes você já ouviu dizer que os gatos têm sete vidas? E nestes nossos tempos bicudos, de conflitos de radicalismo, terrorismo e não sei que outros ismos, - estamos sendo bombardeados pelos que brandem a bíblia como arma, - com os SETE ANOS de tribulação que vão anteceder o apocalipse. Como se o apocalipse fosse não a catástrofe final, mas um prêmio... Então é sinal que a tribulação vai ser brava mesmo se a extinção que a seguir será um alívio.

Hoje em dia até que são poucas as superstições. Alguns de nós ainda se lembram do bicho-papão; saci-pererê; do lobo mau; e figuras mais violentas e agressivas como o lobisomem; os vampiros; as sereias encantadoras; o poço de fogo; o flautista de hamelin; o kraken.... a maioria figuras que hoje agrupamos com indiferença como mitos, mas eram as superstições dos adultos mais do que das crianças...

E algum tipo de superstição perdurou ao longo do tempo.  

Mas voltando ao número 7, vejamos quantos significados diferentes e paradoxais ele tem. Os sete pecados capitais; as sete virtudes; os sete anões; o sétimo sinal do Armageddon. E a sina do sétimo filho? Se fosse também filho de um sétimo filho, seria um super-herói nos termos daqueles tempos. Se não, teria que pagar um bocado de penitência pelos outros. Houve um tempo em que automaticamente este sétimo filho ia ser religioso, eremita, mago ou errante.

E não podemos nos esquecer de coisas mais que evidentes para quem está em dia com seus conhecimentos gerais. As brilhantes estrelas Plêiades representam sete irmãs que eram as companheiras da deusa Artemis. Quantas são as Maravilhas do Mundo Antigo? Sete. E do Mundo Moderno? Sete. Quantos são os deuses japoneses da boa fortuna? Sete. E em quantos dias que o deus abrâmico teria criado o nosso universo? SETE, ora. O último ele usou para descansar, é o nosso domingo (talvez por isso, costumamos dizer que Deus é brasileiro).

Entre os indígenas da etnia Guarani, que se espalhavam por todo o sudeste da América do Sul, desde a Argentina, o Paraguai, o Uruguai, e por extensa região litorânea do Brasil, o sétimo filho de uma família só de meninos muito provavelmente seria amaldiçoado e se transformaria em um lobisomem, se for filho do espírito do mal Tau e a encarnação mortal de Kerana.

O mito da força do sétimo filho continua bem vivo em nossos dias entre certas etnias, haja visto recentemente a presidente da Argentina, Christina Kirschner, ter apadrinhado o sétimo filho de uma família judia, Yair Tawil.

Portanto, para uns, o número 7 é um número abençoado, já para outros...

Donde se conclui que apesar de todo o progresso tecnológico, viagens espaciais, o ser humano continua precisando o tempo todo de alguma Providência poderosa. Quanto mais “intelectual” o indivíduo, parece que essa divindade precisa ser mais próxima do infinito, daquele tipo que pode mover montanhas; provocar ou evitar tsunamis, e nos preservar dos perigos das catástrofes que parece que temos a tendência de atrair por teimosia.

Não importa se a divindade seja uma carta, uma pedra, um ídolo ou uma figura inanimada qualquer. A ela atribuímos o poder de ser um espírito supremo de natureza andrógina; de um ser que ordena o curso dos acontecimentos, que fiscaliza o cumprimento da lei Kármica e da obediência às Memórias Akássicas; cuidando para que tenhamos o bem ou o castigo que merecemos.

Curiosamente, as pessoas que “acreditam em alguma coisa”, ou “querem acreditar em alguma coisa”, são em geral mais felizes e tem vidas mais “fáceis” por não terem responsabilidade direta e exclusiva por suas próprias sinas, desditas e fortunas. Elas vivem mais serenamente dentro da matriz aparente em que gravitam desde seu nascimento por todo o curso de suas vidas.

Já, é interessante observar que aqueles que jamais professaram uma fé de qualquer ordem ou espécie, ou perderam a que tinham no curso do enfrentamento do cotidiano, com ou sem amuletos e augúrios; são muito mais frios, cruéis e indiferentes com a “sorte” própria ou do seu semelhante.

No próximo artigo começaremos a falar das técnicas divinatórias que, afinal, para muitos, são apenas superstições.


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