A culpabilização abusiva das famílias (em particular das mães) através da mídia ou da ciência é um exercício penoso na contemporaneidade.
A mãe quando vai ao pediatra, psiquiatra, neurologista, etc, com um filho problemático ou simplesmente com "probleminhas" deve ter mais a sensação de estar em um tribunal que em um consultório médico. Nas escolas isso também acontece.
"A gente faz tudo direitinho", se defendem em uma primeira consulta de seu filho-sintoma,  com um profissional da saúde,  que por alguma sutil mas decodificavel postura aparece ante os olhos da família como um censor   ou inquisidor.
É verdade que não é uma pratica generalizada, porem tem frases destrutivas que se podem ainda ouvir; "mas a senhora e a mãe", como se sofrer, não Aguentar é se deprimir pelo filho fosse um destino...
Ser mãe, hoje, não é tão simples; recusar a sê-lo menos ainda. Vale a pena um bom lembrete culpabilizar não é cuidar!!
A "mãe má" existe. Não estamos nos referindo as Medeias ou mulheres gravemente doentes que podem cometer filicídio.
Falamos de mãe má comum que não consegue se auto-comparar com o padrão de mãe infinitamente boa, santa e virgem. A imagem de mãe mistificada deixa as mães reais em posição de culpa, de incompletude.
Essa sofrida, comum "mãe má" deveria estar orgulhosa de ser mãe, de criar os filhos e mais orgulhosas de permitir que a seus filhos que são uma parte dela agora, os deixará tornar-se eles mesmos.
Socialmente aceitamos (será que perdoamos?) a opção da mulher de não ser mãe. Para elas devem ser extremamente duro manter a decisão aos olhos dos outros.
Quando decidimos que aceitamos ou perdoamos, essa mulher não mãe, só o fazemos ante uma grande escritora ou uma maravilhosa atriz, uma mulher que se torna ministra, etc. Porque elas nos satisfazem com outra criação, de uma maneira quase mística.
Quando a mulher que decide pela não maternidade é uma mulher comum, cuja criação pessoal não ultrapassa os limites do circulo intimo e imediato, isto nos amedronta, nos enfrenta e nos questiona. Talvez por isso se a considera "anormal".
Uma jovem mulher pode desejar muito estar grávida, mas não desejar a criança, consequência do primeiro desejo.
A associação dos dois desejos não é automática, posto que são desejos diferentes.
O desejo de "estar grávida" pode surgir para se sentir segura de seu corpo de mulher, de sua identidade sexual, de que funciona (ao ser fecundada). Isso só pode ser confirmada mediante: A PROVA: a gravidez!!.
E não é uma minoria que funciona assim. Esse desejo atinge praticamente a todas as mulheres independentemente do grau de instrução, do nível social e da idade. As jovens querem provar a si mesmas que "funcionam" e as mulheres maduras querem mostrar que ainda "funcionam" (que são ainda jovens!).
O desejo de "ser mãe" (sem necessariamente querer um filho) pode ser a imitação da própria mãe. Ou para dar prazer à própria mãe, ao primeiro "objeto de amor" . A mulher que deseja satisfazer a mãe não encontra melhor solução que fazer como ela fez: dar a luz. Em geral não se enganam, já que suas mães ficam felizes e satisfeitas com a gravidez das filhas. A filha sendo mãe, parece validar a maternidade de sua mãe. Dá o carimbo da conformidade.
Por isso podemos observar mães, que tiveram dificuldades para desenvolver o papel materno, se tornam excelentes avós.
Será que podemos, ao contrario levantar a hipótese de que certas mulheres que se recusam a maternidade, estariam punindo a própria mãe?
Também pode-se querer "ser mãe" sem ter em conta a criança pelo desejo confuso e inconsciente de perpetuar a espécie.
Na interseção entre o desejo de estar grávida e o desejo de ser mãe, há uma outra razão (inadequada) para querer fazer um filho: a vontade de reparar ou refazer sua própria infância, "com meu filho eu não vou falhar" é a sentença embutida nesse desejo.
Existem outros motivos para desejar um filho. São os mais perigosos: ter um filho como se fosse uma boneca, ou para se ligar a um homem ou para aprisioná-lo e as que têm um filho para a dominação, porque talvez seja a única coisa que conseguem controlar.
Para finalizar podemos dizer que as mulheres em geral, querem ser mães por elas mesmas, bem antes de sê-lo para os filhos.
É um desejo que apesar de egoísta , é legitimo é compreensível, porem pode tornar-se perigoso, se não for logo substituído pelo desejo de dar a vida. Uma outra vida que prossiga. Totalmente dependente no inicio e logo totalmente estranha.

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