Constelação Familiar, um método terapêutico desenvolvido por um alemão chamado Bert Hellinger, trabalha com a ideia de sistemas.

Todos fazemos parte de determinados sistemas, dos quais somos parte integrante e que ao mesmo tempo nos integram.
 
O primeiro e principal sistema do qual fazemos parte é a nossa família. Esse sistema familiar inclui nossos irmãos, pais, tios, primos, avôs, bisavôs, tataravôs, infinitas gerações para trás, todos nossos antepassados e contemporâneos da família. Fazem parte da família também pessoas que de alguma maneira tiveram seu destino entrelaçado ao de alguém da família, seja por ter sido considerado membro da família, por ter feito ou recebido algo de muito bom ou muito ruim para alguém do sistema.

Pessoas mortas prematuramente, natimortos e abortos são incluídos no sistema. Precisam ter um lugar, um olhar. A antiga noiva que o avô abandonou para casar com a avó, a amante do bisavô, todas fazem parte do sistema, assim como o primeiro marido da mãe, a primeira mulher do tio-avô e assim por diante. Uma das três ordens básicas do amor, de acordo com a teoria de Bert Hellinger, é justamente esse pertencimento (as outras duas são a hierarquia e o equilíbrio entre dar e receber).

O pertencimento pressupõe que todos que pertentem tem o direito de pertencer. Todos que fazem parte, tem esse direito. Todos devem ser incluídos, vistos, honrados, especialmente quem veio antes, porque só existimos porque eles existiram e o sistema só é como é porque antes foi como foi. E quando alguém é excluído, há uma quebra, um vazio nesse sistema. E como o sistema sente falta, alguém, mais adiante, de alguma maneira tentará trazer o excluído de volta. Isso porque de alguma maneira, nos identificamos com alguém que veio antes (porque na verdade temos todos dentro de nós mesmos, todos fazem parte e nos dão forma).

Esse membro da família que tentará lembrar do antepassado, trará isso de forma inconsciente, claro. Viverá situações semelhantes, mesmo sem saber o que o antepassado passou e mesmo que nem saiba que ele existiu, e assim poderá viver o destino que era desse excluído, na tentativa que o sistema tem de trazê-lo de volta, de fazer com que se lembrem dele. Essa é uma forma de viver o destino do outro. E, assim, carregar pelo outro.

Outra maneira, e também para pertencer, é que podemos repetir histórias vividas e destinos porque queremos fazer parte e para não nos sentirmos excluídos, repetimos um destino muitas vezes difícil para termos a sensação de pertencimento. Por exemplo, numa família onde o comum é ter uma doença grave, inconscientemente geração a geração isso vai se repetindo. Se também tem a doença, também faz parte. Se todas as mulheres da família foram infelizes no amor, ser feliz pode parecer ser diferente, excluída, e assim por diante.

Muitas vezes a culpa porque antes muitos sofreram não permite que hoje alguém seja feliz. Até porque por esses e outros motivos, vamos nos emaranhando em destinos e nós dos antepassados, dos que cruzaram nosso destino, daqueles com quem nos relacionamos e, sem perceber, vamos vivendo outros destinos, carregado pelos outros.

É um desafio e um longo caminho para ter consciência disso, e aprender a seguir o próprio caminho, o próprio destino. Ao fazer uma constelação familiar, podemos deixar com o outro o que é do outro, e seguir só com aquilo que nos pertence. Isso vale também para pais que carregam pelos filhos por superproteção, por exemplo, ou em qualquer outra relação, nas quais nos julgamos mais fortes e com isso passamos a fazer muito mais do que o outro precisa ou deveria receber (o que na verdade desequilibra outra ordem, a da troca justa, que será assunto para outro texto) e com isso deixa o outro ainda mais fraco, porque vê mais a fraqueza do que a força.

Quem tem seu destino carregado por outro enfraquece e quem carrega pelo outro não pode seguir seu próprio destino, porque está ocupado olhando para outro lugar. E isso é só parte dos emaranhamentos nos quais podemos nos envolver ao longo da vida. E que a constelação pode ajudar a trazer para a consciência e, principalmente, trazer uma mudança concreta para todo esse sistema, beneficiando não apenas quem vai constelar, mas todos que fazem parte.    


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