Hatha Yóga LIV




Introdução

No capítulo precedente, abordamos varias vias práticas do Hatha Yóga, voltadas para a saúde e o rejuvenescimento das pessoas. Enfatizamos o valor dos hábitos saudáveis e também os prejuízos advindos dos vícios nocivos. Desde hábitos e vícios relacionados a modos de vida, até outros relacionados à alimentação em geral, a sedentarismos, a ambientes profissionais nocivos e mesmo a relações nocivas.

Propusemos diferentes práticas e formas de mudanças, de vícios nocivos, para hábitos saudáveis e necessários na busca pela boa saúde e pelo possível rejuvenescimento.

Neste novo capítulo, vamos abordar os fundamentos do Hatha Yóga, a partir de um dos seus textos clássicos fundamentais, que historicamente, tem por volta de cinco mil anos.

O Gheranda Samhita

O Hatha Yóga, tornou-se bem conhecido no Ocidente, por volta dos anos cinqüenta. Antes já se sabia da existência do Yóga no Oriente, porém, ainda estava restrito a círculos mais restritos, fosse de estudiosos, de pesquisadores ou de admiradores das suas práticas singelas e milenares.

Neste período, surgiram os/as primeiros/as profissionais oferecendo os conhecimentos e as práticas ecléticas e metodológicas do Hatha Yóga, para os primeiros grupos de interessados ocidentais em diferentes países. E aos poucos, com o passar dos anos as práticas foram ficando mais conhecidas, bem aceitas e procuradas para as mais diferentes finalidades. Entre elas, equilíbrio interior, paz, saúde e bem estar.

Entretanto, mesmo com o fato de o Hatha Yóga ter se estabelecido de forma duradoura no Ocidente, ocorreu um outro fenômeno interessante e ao mesmo tempo desapercebido. O fato de que a grande maioria dos/as profissionais que transmitiam o conhecimento, o faziam de uma forma prática e direta. Pois também, haviam aprendido desta maneira lá no Oriente.

O outro fenômeno é que o tempo foi passando, e não se abordou as origens do Hatha Yóga, sua estrutura formal, sua metodologia, sua didática e sua filosofia de vida. Com isto, demorou muito até várias décadas depois, serem publicados alguns livros traduzidos no ocidente, abordando a existência de textos clássicos todos da Índia, sobre tais estruturas.

E mesmo assim, como os textos clássicos originais sobre o Yóga, estão todos em Sanskrito, a língua mãe da Índia e uma língua viva, em pleno uso lá, às vezes, tais traduções continham erros por desconhecimento da língua, por parte de quem a traduziu. Mas houve progressos e atualmente, já se encontram algumas boas traduções, embora limitadas em termos de acesso. Pois ficam mais restritas a estudiosos, pesquisadores e profissionais.

Em vista disto, neste capítulo vamos abordar de forma estrutural e resumida, mas mostrando os principais aspectos, o texto clássico GHERANDA SAMHITA OU COLEÇÃO DE GHERANDA, para que os/as possíveis interessados/as possam compreender melhor a estrutura formal e metodológica do Hatha Yóga.

Desenvolvimento

O Gheranda Samhita ou coleção de Gheranda e sua estrutura formal

Este texto clássico é uma codificação do Hatha Yóga, onde vem descrito detalhadamente, não só sua metodologia científica, mas também sua filosofia, suas inúmeras práticas, sua estrutura e suas formas corretas e didáticas de realização e desenvolvimento.

O mesmo, está estruturado em sete amplas lições, sendo que cada uma delas, aborda um diferente assunto sobre o Hatha Yóga, detalhando todos os aspectos envolvidos naquela seção.

A Primeira Lição, é a mais curta de todas e introdutória. E de imediato, se inicia esclarecendo que o Hatha Yóga, é uma etapa básica e preliminar, cujo real valor consiste em conduzir ao verdadeiro Yóga, o Raja Yóga. Portanto é um meio e não um fim propriamente dito.

Esta primeira lição é formada por sessenta estâncias extremamente bem elaboradas e concisas, mostrando o diálogo entre um interessado em praticar seriamente e o sábio Gheranda. Importante esclarecer que o texto não foi escrito por Gheranda e sim por uma mulher, que vivia em seu eremitério há longo tempo na condição de uma praticante avançada.

Esta é a essência da primeira instância da primeira lição... Saúdo o primeiro ser, Adishivara(i), que ensinou a ciência do Hatha Yóga, verdadeira escada sublime que conduz às alturas do Raja Yóga.

Dai em diante, o texto mostra as perguntas do interessado nas práticas chamado Canda Capali para Gheranda, de uma forma bastante respeitosa e reverencial e as respostas daquele, também de forma respeitosa e reverencial.

Já na primeira das respostas dada, Gheranda demonstra com humildade e firmeza todo o seu conhecimento e sua visão de mundo. Esta é a resposta da estância quarta... “Não há maior cativeiro que a ilusão, maior força que a disciplina, maior amiga que a sabedoria, nem inimigo mais terrível que o egoísmo.”

A resposta seguinte de Gheranda para Canda Capali, também é exemplar na estância quinta... “Assim como aprendendo o alfabeto é possível, pela prática conhecer-se todas as ciências, realizando metodicamente as práticas do Hatha Yóga, poder-se-á obter a sabedoria.

Na estância sexta, outra resposta altamente esclarecedora sobre a vida, os atos, seus resultados... “Os corpos de todos os seres vivos, são consequências dos seus bons ou maus atos. Pois estes dão origem ao Karma que leva à retransmigração, num contínuo movimento, como a roda de um moinho.”

Nesta primeira lição, há todo um descritivo da filosofia, da metodologia, da didática e das práticas que serão ensinadas a Canda Kapali.

A lição segunda, é composta pelo esclarecimento do número de posturas que existem e quais as 32 principais, que levam ao equilíbrio e à harmonia neste mundo. É um trecho curto, porém bastante esclarecedor. Pois além de trazer os nomes corretos das posturas em Sanskrito, descreve cada uma delas e suas analogias pelos nomes.

A lição terceira, aborda exclusivamente as práticas dos Mudras, técnicas sofisticadas e avançadas que envolvem toda a estrutura sutil do ser. E os benefícios que as mesmas produzem.

Muito embora é importante esclarecer, que mesmo com a leitura detalhada, não são fáceis de se praticar e mesmo de se compreender seus resultados. E a priori, só deveriam ser práticas por quem já tivesse muita experiência nas práticas dos Pranayamas e dos Assanas.

Esta é a lição mais profunda encontrada no texto, pois envolve Tchakras, Nadis ou Srotas e Aura. Daí sua sutileza e profundidade.

A lição quarta é bastante curta e concisa, é aborda específica do Raja Yóga, o que nos mostra que Gheranda tinha conhecimento sobre os Yóga Sutras de Patanjali, o Codificador do Raja Yóga, o método mais antigo e avançado de todos. E que inclusive, Gheranda, incluía partes das técnicas avançadas codificadas por Patanjali, em seus ensinamentos.

A técnica que Gheranda aborda sucintamente na Lição quarta é o Pratya Hara, ou preparo para a Concentração. E que é desenvolvido por uma série muito ampla de diferentes técnicas, praticas e exercícios.

A lição quinta, que também é bastante longa e metodológica, aborda os Pranayamas ou Técnicas avançadas respiratórias. E que embora o texto seja bem detalhado, pela sua complexidade, pode ser de difícil compreensão para os iniciantes e para os leigos.

E vai depender de muito estudo e práticas com o passar do tempo, para que afinal, haja uma compreensão de todas as etapas de cada Pranayamas, dos seus resultados e benefícios. E mais que isto, como tais resultados, ao longo do tempo, alteram e afetam beneficamente a vida de quem os prática.

A lição sexta, é outra lição curta, porém muito interessante, pois mais uma vez, Gheranda lança mãos de uma técnica avançada, específica do Raja Yóga de Patanjali, chamada Dhyana Yóga, com suas três estruturas de práticas, que envolvem estágios avançados, para diferentes níveis de praticantes.

Por fim, a lição sétima, também traz como uma exagese final, para quem já tenha praticado por longo tempo, a real possibilidade de se atingir um estado de Iluminação interior, descrito por Patanjali com o nome de Samadhi e oferecendo alguns detalhes sobre o mesmo.

Pré conclusão

Cabe ainda esclarecer, que no contexto de cada uma destas sete lições, vem apregoado de forma solida, consistente e constante, além do Método e da Filosofia de vida do Hatha Yóga, também toda uma série de ensinamentos e preceitos existenciais, para que qualquer ser possa atingir não só níveis muito avançados de práticas, porém chegar a um estágio ou estado, onde sua paz, felicidade, plenitude e equilíbrio sutil interior, definitivamente sejam  constantes.

Então, a ideia deste capítulo, mesmo que conciso, é dar esta visão do que envolve o texto clássico Gheranda Samhita que é um dos textos fundamentais sobre o Hatha Yóga. E são bem poucos os outros. No próximo capítulo estaremos abordando o Hatha Yóga Pradipika ou o Elogio ao Hatha Yóga, também condensado – inclusive – para facilitar uma melhor compreensão dos interessados.

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