Vamos começar uma longa caminhada. Mas antes, pois é.... já que estávamos falando de superstições, mitos e conspirações, este mês temos prato cheio. Todos eles são ingredientes para a nossa sopa sobre sociedades secretas. Sim, vamos falar dos Illuminatti; do Priorado de Sion; dos Templários; dos Franco-Maçons; dos Rosacruzes; da Doutrina Secreta de Blavatsky e até da fraternidade da Caveira e Ossos que gera tantos dos presidentes atuais dos EUA. Mas, antes...
Tivemos o mês da Lua de Sangue, além disso também foi uma Super-lua por estar no ponto mais próximo de sua órbita ao nosso redor. Uma pequena diferença de apenas uns 50 mil quilometros. É a quarta lunação com eclipse. E por isso, prato cheio para toda sorte de predições.
Na noite de 28 de Setembro, um domingo, para o amanhecer da segunda-feira... tivemos a noite mais escura por alguns instantes para em seguida ser a mais brilhante.
Os supersticiosos estão a pleno vapor dizendo por todos os meios e redes sociais que esta Lua anuncia o Fim do Mundo... outra vez... coitado, nosso mundo já acabou umas dez vezes só nos ultimos cinco anos, e nós com ele.
Outros dizem que vai eclodir a Terceira Guerra Mundial.... Predições dos catastrofistas; e outros ainda afirmam que esta Lua especial anuncia o nascer de uma nova raça humana com muito mais bom senso, muito menos corrupção e violencia, e mais amor que a atual jamais demonstrou de verdade. Um pequeno segmento também diz que o Brasil finalmente vai despertar e se preparar para cumprir sua gloriosa missão no planeta, como celeiro do mundo; como berço da nova raça; como manjedoura da nova civilização. Já em outros cantos falam que é o início da implantação da Nova Ordem Mundial, com os EUA no papel de Grande Irmão.
Seja lá como fôr, continuemos a caminhar, a acreditar, a supor, até porque se pararmos para perguntar ao espelho mágico sobre o que realmente sabemos, ele nos dirá: exatamente nada. E se perguntarmos o que vai acontecer, ele diria se pudesse falar que ficaríamos sabendo quando acontecesse; já um espelho mais inteligente diria: será aquilo que vocês construírem.
Para entendermos uma Sociedade Secreta precisamos entender o significado de ser “secreto”. Para o pensamento popular, automaticamente significa algo malévolo, conspiratório, subversivo, revolucionário, em termos contemporâneos, terrorista. Há uma distância muito grande entre a possível realidade atual e o significado original. E toda moeda sempre tem dois lados.
Por secreto, referimo-nos a algo oculto, como por exemplo a natureza da nossa fé, ou a natureza do sentimento que decantamos como amor; ou simplesmente de nossa opinião e ponto de vista a respeito das circunstâncias em que tentamos exercer nosso papel como peças úteis de uma sociedade. Os rumos que as correntes dessa sociedade tomam e a nossa visão das possíveis consequências positivas ou negativas desses rumos para nós e nossos objetivos pessoais. Geralmente, não proclamamos em nossa vizinhança qual o rumo que escolhemos para nós, e também ficamos alheios aos rumos do vizinho. De um para o outro, as convicções e esforços são ocultos, portanto, “secretos”.
A célula mater de toda sociedade humana é a família. E cada família estabelece seus próprios objetivos e propósitos. Protege sua privacidade e suas ambições em busca do bem-estar, do conforto, da segurança, da riqueza, ou simplesmente de uma sobrevivência feliz. A privacidade garante o segredo. Mas e quando várias famílias se unem em torno de um propósito comum e resolvem buscá-lo independente da concordância da maioria da comunidade? Passa a constituir uma sociedade dentro da comunidade. E se seu propósito é sujeito à aprovação ou desaprovação dos demais, provavelmente tornar-se-a rapidamente um projeto “secreto” até para garantir seu efeito.
As primeiras formas de “sociedades secretas” em comunidades humanas parecem sempre ter focalizado algo que pudesse afetar toda a comunidade – unificar esta em torno de uma crença, o que geralmente criaria uma aura de mistério e mística em torno de algum fator central, uma divindade ou um agente de forças divinas de algum tipo. Evidente que não demoraria que se criasse toda uma mitologia em torno dessa figura que para encantar os demais com seus poderes, teria que automaticamente ser mística... ao mesmo tempo, também criava-se sociedades secretas com base em crenças secundárias que hoje poderiam parecer mais superstições, para resolver problemas comuns de saúde e comportamento coletivo. Os curandeiros e seus aprendizes de feiticeiros, não tardariam em criar uma escola mística de superstições sobre como melhor enfrentar uma ou outra doença individual ou pior, coletiva.
Como nós não sabemos precisamente qual a origem do homem e de sua organização social e mental, quanto mais avançamos no “futuro”, mais nos distanciamos das origens no passado, mas deste de alguma forma herdamos aquilo que em cada época passou por ser “conhecimento” e “inteligência” da época, e na medida em que o homem continua a evoluir social e intelectualmente, muito desse tipo de conhecimento passou a ser folclore, mitologia, lenda, crendice, fantasia...
Curiosamente, entretanto, muitos desses conhecimentos fantásticos, hoje estão sendo novamente revisitados como verdades conhecidas pelos nossos antepassados, que por alguma razão foram esquecidas e que agora estão sendo redescobertas. Muitos poucos registros do tipo que nós faríamos hoje existem daqueles tempos e conhecimentos. Mas existem algumas “sociedades secretas” que os pesquisam, estudam e trazem de novo à superfície.
Por exemplo, só nos últimos cinquenta anos é que voltamos a falar com maior convicção, interesse e enfase na possível ou até provável interferência de seres extraterrestres com a nossa espécie e sua história e sua evolução. Isso inclusive nos levou agora a rejeitar a ideia de que o mundo e o homem só existem há meros 6 mil e poucos anos, e a existência da nossa espécie foi se estendendo em saltos até que hoje já se fala que o homem existe a mais de um bilhão e “trocentos” milhões de anos. E que essa interferência de ETs já ocorria naquele remoto período em que o nosso planeta ainda estava em formação (isso é outra história), depois houve um lapso enorme, e essa “convivência misteriosa” voltou a existir desde uns 500 mil anos atrás até o presente.
Mas em torno desse tema, apesar da rejeição pelas principais religiões, filosofias e ciências do que vamos por agora chamar de “tempos modernos”, nasceram e sobreviveram pequenos grupos secretos que preservaram de boca em boca e por rituais, alguns hábitos, costumes e conhecimentos associados a tais seres de origem “desconhecida”.
Nem mesmo o monoteísmo, nascido com Akhenaton no Egito distante, adotado como plataforma central de sua religião pelos semitas que acabariam por gerar duas derivações importantes – o cristianismo e o islamismo. Ambos monoteístas, cada um gerado a partir da mesma semente semita que por sua vez foi tomada emprestada dos seus antigos captores sumérios (possíveis descendentes de extraterrestres), e atendendo a clamores de seus proselitizadores.
Por um lado, os judeus supostamente das tríbos da antiga Israel, com uma grande necessidade de realização messiânica para se libertarem do jugo romano. Por outro lado, os “árabes”, um aglomerado variado de primos semitas étnicos dos judeus, mas desunidos e também sequiosos de maior unidade política para preservarem sua autonomia da invasão e domínio de vizinhos.
Enquanto o cristianismo levou 400 anos para se consolidar, o islamismo levaria ainda outros 300 anos para se manifestar com uma linha mestra. Ambas novas religiões têm um núcleo secreto desconhecido do público, mesmo que esteja diante dos olhos deste, porque preservado zelosamente pelos clérigos e alto-sacerdotes de ambos. E ambos os segredos são profundamente místicos e estão ligados a fatores extraterrenos.
Os cristãos, evoluíram do judaísmo que legou o Velho Testamento onde se fala de uma Aliança entre a divindade e seus fiéis para um dogma em torno de Jesus Cristo, Messias e Filho de Deus que teria vindo se sacrificar para salvá-los. Essa Arca da Aliança, cujo paradeiro é hoje o grande mistério do cristianismo, como se fosse um Santo Graal, seria algum tipo de meio de comunicação com a divindade que “deitou” os mandamentos básicos de comportamento humano através de um dos seus profetas, Moisés. Já os muçulmanos, centralizam sua fé na Kaaba, uma misteriosa rocha negra preservada e protegida na cidade de Meca, objeto de peregrinação anual, e que seria mais do que mera rocha negra. As especulações vão desde ser um meteorito, até também ser um dispositivo extraterrestre de comunicação com a divindade.
Então temos aí duas sociedades ultra-secretas. Ambas bem-intencionadas em relação aos seus fiéis. Ambas fragilizadas por contínuas divisões e divergências de interpetação, umas mais radicais outras mais compassivas. Do cristianismo surgiu o protestantismo com algo como uma centena de seitas e rituais sem se distanciar da idéia central; e o islamismo se divide igualmente em um sem-número de correntes, começando pelas duas principais, dos sunitas e dos xiitas, e aí assumindo características regionais variantes. Ambas afirmando ser a mais correta das duas e que a outra deve ser destruída como apóstata.
No meio disso estamos nós, seres humanos.
De todas as sociedades que chamamos de secretas, estas duas são as mais secretas mesmo ao parecerem estar expostas irrestritamente à participação de seus fiéis. Mesmo havendo bibliotecas infindas de exegeses a respeito de seus dogmas, estudos de seus escritos, contestações e concordâncias. Mas nada que se diga ou se saiba, chega ao nó ou cérne da questão quer de uma quer da outra.
E estas duas estão por trás de todas as outras sociedades secretas que existem hoje no planeta cujas principais e mais famosas ou notórias, vamos conhecer neste espaço enquanto a nossa sopa de pedra cozinha.
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