Durante muito tempo as emoções ficaram relegadas a segundo plano quando se falava de trabalho e vida profissional. Frases do tipo “deixe seus problemas do lado de fora da empresa” e “não misture assuntos pessoais com profissionais” faziam parte dos treinamentos de integração de novos funcionários.
Mas será que é possível brigar com a mulher ou o marido de manhã cedo, aborrecer-se com os filhos adolescentes, pegar um trânsito super engarrafado, motoristas mal humorados pela frente e chegar sorridente, alegre e feliz ao trabalho, como se estivéssemos chegando de longas e maravilhosas férias numa ilha paradisíaca no Caribe? É possível separar uma parte de nós – a emocional – como se fosse removível e deixar de lado quando vamos trabalhar?
Daniel Goleman, psicólogo e jornalista especializado do New York Times, editor da revista Psychology Today e professor de Psicologia em Harvard, trouxe uma luz nova sobre o assunto com seu famoso livro Inteligência Emocional, lançado no Brasil em 1995 e, mais recentemente, com seu novo livro Inteligência Emocional no Trabalho.
Descobriu-se que povos de culturas diferentes de todo o mundo, inclusive aborígenes que nunca tiveram qualquer contato com a civilização, reconhecem expressões faciais como medo, raiva, tristeza e alegria. Isso comprova que todas as emoções, em seu aspecto básico fundamental, são impulsos para agir que a evolução nos infundiu, isto é, reações automáticas que foram se aperfeiçoando desde os primórdios do surgimento da espécie humana.
Diz Goleman que temos duas mentes, a racional e a emocional. A mente racional é o modo de compreensão de que temos consciência, capaz de ponderar, refletir e fazer ligações lógicas entre causas e efeitos. A mente emocional, por sua vez, reage ao presente com meios registrados ao longo da história evolutiva do homem, em situações que se repetiram e ficaram gravadas como tendências inatas e automáticas do ser humano. Essas duas mentes operam em estreita harmonia na maior parte do tempo, com a emoção alimentando e informando as operações da mente racional, e a mente racional refinando e às vezes vetando o desdobramento das emoções.
Imagine que no meio da noite você acorda com o barulho de alguma coisa caindo no terraço. Você levanta assustado, com o coração batendo rápido, o rosto pálido, inundado por uma torrente de hormônios que coloca todo seu corpo em estado de alerta. O que aconteceu antes: seu corpo apresentou as reações fisiológicas típicas da emoção do medo ou você pensou na hipótese de ser um ladrão invadindo sua casa? Com certeza primeiro você sentiu medo (mente emocional) para só depois concluir que deve ter sido o gato derrubando um vaso de plantas (mente racional).#P#
ente emocional é nosso radar para o perigo: se nós ou nossos antepassados esperássemos que a mente racional fizesse alguns desses julgamentos poderíamos não só estar errados mas (o que é pior!) mortos.
Agora, pense um pouco numa frase típica que costumamos falar para nossos filhos pequenos: “Não precisa ter medo”. Responda rápido: posso deixar de sentir medo? Não posso. O medo é uma reação automática do organismo a uma situação de perigo e faz parte do arsenal de emoções que o ser humano desenvolveu para conseguir sobreviver no planeta. O que diferencia o covarde do corajoso é a forma como cada um reage à emoção do medo.
Transpondo isto para nossa vida profissional: é impossível deixar de lado as emoções em nosso trabalho. Todo sentimento tem seu valor e sentido. Negar as próprias emoções ou fazer de conta que ficaram do lado de fora da empresa não faz de nós pessoas melhores e mais produtivas. Importante é reconhecer as próprias emoções e saber como administrá-las, capacidades que se desenvolvem no processo de autoconsciência. Estas são as duas primeiras aptidões da Inteligência Emocional.
Para finalizar, deixo com vocês esta frase de Daniel Goleman, que considero muito apropriada para uma reflexão mais profunda:
Podemos ter pouco ou nenhum controle sobre qual será a emoção e quando seremos arrebatados por ela, mas podemos ter voz ativa sobre quanto vai durar...

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