Gostaria muito de conseguir expressar o que sinto ao ver a situação caótica, desumana, monstruosa, das nossas prisões e de como vivem (ou melhor sobrevivem) aqueles que lá estão amontoados como bichos, aliás, bem piores do que eles. Há alguns anos atrás visitei uma destas prisões, numa cidade próxima de São Paulo, levando para os detentos alguns exemplares do meu livro, “Estranha Primavera”. Eu tinha comigo 40 exemplares, através de uma simpática doação da editora Maltese, minha editora na época. Fiquei surpresa, e muito triste, ao descobrir que os detentos ficaram simplesmente “desesperados” porque eu não tinha livros para todos eles. Eram mais ou menos uns 70 homens, amontoados num pátio. Conversei com eles, por traz de grades, é claro, contando um pouco, do que se tratava o livro. Um dos temas era sobre o uso de “tóxicos, maconha, cocaína” e os terríveis prejuízos disso na vida dos jovens.

Infelizmente não consegui fazer isto novamente. A não ser numa outra ocasião, esta mais recente, em que levei livros espiritualistas ou mesmo romances mais “lights” para os detentos de uma Fundação para menores infratores. Isto aconteceu numa instituição de Itaquaquecetuba (SP). Também nesta instituição fui muito bem recebida pelos jovens detentos, conversei com eles, falei sobre a vida, espiritualidade, amor verdadeiro, valores cristãos, vidas passadas... Eles me ouviram incrivelmente atentos, sensíveis, emocionados.

Tenho realmente um grande desejo de fazer muito mais do que isto por todas estas pessoas, filhas de Deus, nossos irmãos em espírito que, doentes psíquicos-emocionais-espirituais enveredaram por caminhos tão terríveis, doentios, destrutivos. Prefiro acreditar que todos eles teriam condições de melhorar, de entender, de buscar e acreditar num possível arrependimento. Enfim, acredito que muitos deles, possivelmente a grande maioria, tem de fato, uma chance de cura. É claro que para isto, precisaria acontecer um longo e muito bem feito trabalho terapêutico psíquico-emocional-espiritual.

É como sabemos, isto não tem a menor condição de acontecer nestas prisões brasileiras. Como é possível viver nelas, se numa cela que cabem 20 presos, estão amontoados mais ou menos uns 50? A alimentação deles, conforme vi recentemente num programa de TV é algo de “dar nojo”. Sinceramente não sei como eles conseguem se alimentar com aquilo que chega para eles.

E assim cada vez mais nos enredamos neste túnel negro e aparentemente “sem saída”. E nos afastamos cada vez mais das medidas tão necessárias para “reeducar” estes infratores, doentes, criminosos, completamente afastados das mínimas noções de amor, bondade, e principalmente “equilíbrio emocional”. E conforme enveredamos nestes caminhos tão errados e até mesmo criminosos, na tentativa de “reeducar” estes nossos irmãos, cada vez mais eles nos agridem, eles, roubam, matam, e cometem todos os tipos de crimes, completamente enraivecidos, revoltados (e enlouquecidos) contra tudo e contra todos.

Este pode ser um simples desabafo. Mas, talvez o ajude a pensar no que poderíamos fazer para ajudar o nosso país a sair desta situação, trazendo também para todos nós uma vida mais segura. E conseguir de fato, ajudar a estes marginais a encontrarem outros caminhos fora do crime e de toda a espécie de erros contra a sociedade e contra si mesmo. Pelo menos podemos rezar, pedir aos Mestres, aos nossos anjos e mentores espirituais que nos ajudem a encontrar estes caminhos, iluminem líderes, políticos ou não, responsáveis pela monstruosidade de toda esta situação. A prece, vibrações de interesse, amor e compaixão por todo este terrível problema, sempre podem auxiliar... tenho certeza.

Se alguém, ao ler este simples e espontâneo texto souber de alguma prisão aonde eu possa levar livros, alguns de minha autoria, me avise, por favor: julianabuenorbio@terra.com.br. Pode não significar absolutamente nada, mas pode ser para cada um deles, um leve, muito leve mesmo, início de uma outra vida interior e exterior. E para mim mesma, sempre há de significar uma chance maravilhosa de fazer algo real, e concreto, por todos estes nossos irmãos, doentes, crônicos e agudos. Pense sobre tudo isto e encontre um jeito seu, muito especial de fazer algo para ajudar.

Texto colaboração de Juliana Bueno - jornalista e escritora, especialista em temas comportamentais/espiritualistas. Seus mais recentes livros são “Passageiros da Nave Terra” e “E Dores Ocultas” (edições Besouro Box). - Março 2017

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